Sinal amarelo

Retração recorde da produção industrial do País

A produção industrial em janeiro de 2009 caiu 17,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. O dado foi divulgado ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que observou uma ampliação da tendência de queda, nas comparações que envolvem períodos mais longos.

Nos últimos quatro meses, foi detectada uma retração acumulada de 18,2% no índice. Em comparação com dezembro de 2008, porém, o IBGE verificou um aumento de 2,3%.

Em relação ao mesmo mês do ano passado, foi observado um “perfil generalizado de queda” em janeiro, conforme destaca o economista da Coordenadoria de Indústria do IBGE, André Macedo. A retração é a maior da série histórica, iniciada em janeiro de 1991.

“Das 27 atividades pesquisadas, 26 apresentaram redução”, completa. A única exceção foi a categoria de “outros equipamentos de transporte”, que teve crescimento de 39,2%, puxado pela produção de aviões.

Ainda na comparação entre os meses de janeiro de 2008 e 2009, todas as categorias de uso tiveram a produção reduzida. Os bens de consumo duráveis tiveram o maior recuo (-30,9%), principalmente devido ao desempenho registrado nos automóveis, celulares e eletrodomésticos.

“É uma categoria que tem muito vínculo com a questão do crédito”, aponta Macedo. A produção de bens intermediários também sofreu retração, de -20,4%, com destaque a pressão negativa dos insumos para construção civil, que passaram por recuo de 9,8% – a menor marca desde junho de 2003 (-10%).

Já a queda de 13,4% no segmento de bens de capital foi influenciada por máquinas e equipamentos para uso misto, bens de capital para fins industriais e para construção.

A produção de bens de consumo semi e não duráveis (-8,3%) também teve, segundo o IBGE, sua maior queda no indicador mensal desde os -8,4% de agosto de 2003.

Outro indicador que bateu recorde negativo na série histórica foi o chamado índice de difusão da indústria, que investiga 755 produtos: nesse caso, a queda atingiu 75% dos itens, sendo o maior impacto negativo nos veículos automotores (-34,5%), seguido por outros produtos químicos (-29,2%), metalurgia básica (-31,3%), máquinas e equipamentos (-24,4%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-45,9%).

Aumento

O aumento de 2,3% observado na produção industrial, entre dezembro e janeiro, se deu, de acordo com o IBGE, graças à expansão em 15 dos 27 ramos investigados e três das quatro categorias de uso.

O desempenho mais importante foi o de veículos automotores. Para o IBGE, a expansão no setor, de 40,8%, “refletiu o retorno parcial das férias coletivas concedidas nos meses anteriores”.

Macedo avalia que o aumento apontado em janeiro “não recupera, mas ao menos interrompe uma sequência de taxas negativas” atingidas no último trimestre do ano passado.

Ele destaca, no entanto, que o aumento foi puxado por segmentos que tiveram resultados fracos em dezembro, como o de veículos automotores, e diz que o crescimento ainda não pode ser apontado como uma tendência para 2009.

Na comparação com dezembro de 2008, os índices em bens de consumo duráveis – que sofreram queda acumulada de 49,2% entre setembro e dezembro -, bens de capital – onde houve perda de 26,5% em três meses – e bens intermediários – que passaram por uma redução de 20,8% numa sequência de cinco resultados negativos -, passaram, enfim, a ter taxas positivas, de 38,6%, 8,4% e 0,8%, respectivamente. Já a produção de bens de consumo semi e não duráveis (-0,6%) teve retração pelo quarto mês consecutivo.