Resultado do varejo abre espaço para BC baixar juros, diz a Western Asset,

As vendas do varejo de fevereiro surpreenderam o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, e, segundo ele, são mais um indicador de atividade a reforçar a percepção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já pode começar a diminuir o ritmo de alta da Selic, de 0,50 para 0,25 ponto porcentual na reunião deste mês. “Do ponto de vista de atividade, pode ter efeito, sim, já pode ser considerada uma alta de 0,25 ponto”, disse.

O economista, no entanto, ainda não definiu sua expectativa para o encontro do Copom de abril, nos dias 28 e 29. Por um lado, disse, os efeitos da política monetária e do fiscal ainda estão por vir. De outro, a atividade tende a ajudar a enfraquecer o hiato e a diminuir a pressão inflacionária. “O que se discute é como será feito o ajuste. Se será mais uma de 0,50 ponto ou mais duas de 0,25 ponto porcentual”, afirmou.

A queda de 0,1% nas vendas do varejo restrito, na margem, veio pior que a estimativa da Western Asset, de alta de 0,2%, enquanto o recuo de 10,3% nas vendas ampliadas na comparação interanual veio mais intensa que o declínio de 9% esperado pelo economista. “Houve movimento geral de fraqueza de quase todos os segmentos (restrito) e vemos claramente uma desaceleração ampla do varejo, que deve permanecer por mais alguns meses”, estimou.

De acordo com Lima, a fraqueza nas vendas do varejo reflete a insegurança dos consumidores em relação ao futuro da economia, neste momento de aumento de juros, de ajuste fiscal, inflação elevada e de arrefecimento do mercado de trabalho. “Se olharmos a massa salarial do BC, ainda não caiu. Está crescendo nominalmente, com a média dos últimos seis meses em 3,4%, em termos reais. Não é uma queda de massa salarial. Tem uma chance de desemprego, que está aumentando. As pessoas começam a se prevenir”, avaliou.

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