Queda no juro começa a chegar aos bancos

Foto: Ciciro Back/O Estado

Clientes estão pagando mais barato pelo dinheiro emprestado.

O movimento médio das taxas de juros bancários praticadas por instituições financeiras apresentou tendência maior de queda no ano, em comparação com 2005, apresentando decréscimo de 0,03 ponto percentual na taxa média para empréstimo pessoal e de 0,05 ponto percentual no cheque especial. É o que revela a pesquisa anual de juros bancários divulgada ontem pela Fundação Procon-SP. De acordo com a pesquisa, a taxa média aplicada para empréstimo pessoal foi de 5,36% ao mês e de 8,20% em cheque especial.

Em 2005, a taxa média para empréstimo pessoal havia fechado em 5,39% ao mês. Segundo o Procon-SP, em 2006, os bancos que apresentaram a maior taxa média anual de empréstimo foram o Itaú e o Real, com aplicação de taxa de 5,95% ao mês. Por sua vez, a menor taxa foi verificada na Nossa Caixa, que apresentou taxa média anual de 4,25% ao mês.

No caso do cheque especial, em 2005, a média da taxa de juros aplicada pelas instituições financeiras, segundo o Procon-SP, foi de 8,25%. De acordo com a pesquisa da entidade, o banco que registrou a maior taxa média anual foi novamente o Itaú (8,5% a m.) e o que aplicou a menor taxa foi a Caixa Econômica Federal (7,33% a.m.). A diferença entre os dois bancos ficou em 1,17 ponto percentual.

O Procon-SP ressalta ainda que o movimento das taxas médias durante o ano foi constantemente de queda, tanto no cheque especial quanto no empréstimo pessoal, ao contrário do que ocorreu em 2005. O início do ano apresentou as maiores taxas, em comparação com o ano passado, tendendo para queda já em abril, acompanhando o corte da taxa Selic, que de março para abril caiu de 17,25% para 16,50% – variação de -0,75 p.p. No empréstimo pessoal houve interrupção de queda nos meses de julho e dezembro e no cheque especial o decréscimo foi paralisado em junho, quando registrou alta em comparação com maio.

De acordo com a entidade, o nível de inadimplência, especialmente no varejo, foi a principal razão para os bancos não diminuírem ainda mais suas taxas. A ampla oferta de financiamento, expansão de crédito, e o crescimento ?modesto? dos salários mínimos, segundo o Procon-SP, foram fatores que facilitaram o endividamento dos consumidores.

O Procon-SP destacou ainda que o custo do dinheiro deixou de ser o fator de maior peso na composição das taxas para os bancos e financeiras, cedendo lugar para fatores como custo dos depósitos compulsórios, custos operacionais, carga tributária e a inadimplência. Entretanto, segundo a entidade, o lucro nos bancos, que também é um fator na composição da taxa de juros, foi ?excelente?, o que contribuiu para a continuidade de um alto ?spread? bancário – diferença entre o que pagam para captar recursos no mercado e o que cobram do consumidor.

A pesquisa ainda finalizou com uma avaliação do comportamento das financeiras e bancos: ?A palavra de ordem é cautela. Procurou-se alertar o consumidor para a necessidade de um planejamento do orçamento com critério, recorrendo ao crédito somente em casos de real necessidade, evitando a inadimplência. E o alerta deverá se manter para o próximo ano?. O levantamento anual foi realizado com dez instituições financeiras: HSBC, Banespa, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander, Nossa Caixa, Banco Real e Unibanco.

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