Queda no emprego industrial foi generalizada

Os resultados negativos de emprego industrial em fevereiro, divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE, estão disseminados em praticamente todos os setores pesquisados pelo instituto. “É um quadro de redução generalizada (no emprego) entre os setores industriais”, afirmou a economista da coordenação de indústria do instituto, Denise Cordovil.

Ela comentou que, na comparação com fevereiro do ano passado, os setores que mais apresentaram destaque negativo, de queda no emprego, foram os que são mais intensivos em mão de obra. É o caso dos recuos no emprego industrial de vestuário (-8,9%); calçados e artigos de couro (-9,6%); e madeira (-14,8%). “Isso teve grande influência no resultado negativo de fevereiro”, afirmou.

Denise, entretanto, observou que, quando a análise do emprego industrial por setores é realizada no período de setembro do ano passado, período mais agudo da crise global, até fevereiro, os destaques de quedas no emprego industrial vão para os setores que mais têm sofrido com a crise. É o caso, por exemplo, das quedas no emprego industrial de máquinas e equipamentos (-4,1%); meios de transporte (-4,7%); e máquinas e aparelhos eletrônicos e de comunicações (-2,9%), em fevereiro ante igual mês do ano passado. Em setembro do ano passado, esses setores apresentavam altas no emprego industrial, de 9,9%, 8,2% e 10%, respectivamente. “É importante lembrar que esses mesmos setores eram os que estavam impulsionando o bom desempenho da atividade industrial, até o agravamento da crise”, salientou.

Ao comentar a queda recorde de 4,2% no emprego industrial, na comparação com igual mês do ano passado, a técnica lembrou que, em janeiro, o emprego industrial já tinha batido recorde negativo em sua taxa mensal, com recuo de 2,5% na comparação com janeiro do ano passado – até então, a menor taxa da série histórica iniciada em 2001. “Podemos ver agora que houve um aprofundamento na queda do emprego industrial”, afirmou. “O emprego segue ‘encolhendo’ na indústria, que está respondendo à redução na atividade industrial”, completou.

A economista explicou que os patamares de produção industrial no Brasil começaram a sinalizar recuos a partir de outubro do ano passado, consequência do agravamento dos efeitos da crise global, cujo período crítico teve início em setembro de 2008. Ela lembrou que há uma certa defasagem no emprego na indústria, que costuma reagir com algum atraso a resultados negativos na produção industrial. “O emprego industrial só bateu recorde negativo de queda a partir de janeiro deste ano”, reiterou.

A técnica observou também que os resultados negativos no desempenho de horas pagas na indústria em fevereiro são coerentes com o cenário de fraca atividade industrial no período. “Se não se produz muito, não há pagamento de horas extras, e se reduz as horas pagas também”, afirmou.