Queda do empreendedorismo no Brasil

O Brasil aparece em 7.º lugar no ranking de 37 países pesquisados pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que mede o grau de empreendedorismo no mundo. A pesquisa, divulgada ontem na sede do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostra que 11,3% da população brasileira é empreendedora.

O País ficou atrás somente da Venezuela (25%), Tailândia (20,7%), Nova Zelândia (17,6%), Jamaica (17%), China (13,7%) e Estados Unidos (12,4%).

O resultado, porém, não é positivo quando se vê a proporção de negócios criados por oportunidade e aqueles que surgiram por necessidade. "No Brasil, existe 1,1 negócio por oportunidade para cada 1 por necessidade", explica o diretor-técnico do Sebrae, Luiz Carlos Barboza. "Ou seja, praticamente metade dos negócios do País não é planejada com qualidade." Segundo a pesquisa, dois terços dos novos negócios têm investimento inferior a R$ 10 mil.

A melhor relação é a da Dinamarca, de 27 por 1. "Essa relação também explica a Venezuela no topo da lista. Lá, o valor é 1,6 por 1. O empreendedorismo disparou desde a crise do petróleo, há dois anos, por pura necessidade," diz Barboza. Ele afirma que são poucos os países que reúnem população empreendedora e negócios programados. A Nova Zelândia e a Eslovênia têm essas características. Os principais motivos seriam legislação e tributação favoráveis aos negócios.

Na pesquisa do ano passado, o Brasil também estava na 7 ª posição. No entanto, a porcentagem da população era maior, 13 5%. "O número de negócios com mais de três meses se manteve estável do ano passado para este ano. A queda se deveu à diminuição do número de negócios nascentes", diz o diretor. "E felizmente essa queda foi porque houve maior oferta de empregos no mercado, e porque as pessoas estão gastando mais tempo para programar seus negócios."

A pesquisa GEM mostrou que há no País 13 milhões de empreendedores em estágio inicial, com até três anos e meio de atividade. "Eu não acharia ruim se o Brasil caísse algumas posições no ano que vem, mas diminuísse o número de empreendedores por necessidade", diz Barboza.

Quanto à duração dos empreendimentos, o Brasil ficou em 14.º lugar na lista. Aqui, 50% dos negócios morrem antes de completar dois anos. Os países com negócios mais duráveis são Japão, Finlândia e Grécia.

O empreendedor brasileiro apareceu também como pouco ousado na pesquisa. Do total de novos negócios, 27% surgem na área de alimentação, 14% na de vestuário e 6% em artesanato.

"Como muitos negócios surgem da necessidade, as pessoas preferem investir em setores mais conhecidos", diz Barboza. "Queremos estimular negócios inovadores, o uso de tecnologia e a procura por nichos de mercado. Mas as pessoas preferem não arriscar."

Dentre os empreendedores pesquisados, 85% dizem que montar um negócio é uma opção desejável de carreira e fonte de renda. Entre a população não empreendedora, 78% expressaram uma opinião positiva sobre empreender. O negócio próprio aparece como desejo de muitos brasileiros.

Mulher

As mulheres tiveram destaque na pesquisa. Analisadas separadamente, as brasileiras estão em 6.º lugar como as mais empreendedoras do mundo (10,8% delas têm negócios), ficando atrás apenas das venezuelanas (23,8%), tailandesas (19 3%), jamaicanas (15,6%), neozelandesas (13,7%) e chinesas (11 6%). No Brasil, 42% dos negócios são comandados por mulheres.

Voltar ao topo