Produção das montadoras recuou 26,10% em 2002

A produção das montadoras paranaenses de janeiro a julho de 2002 foi 26,10% menor que a do mesmo período de 2001. Nessa comparação, o número de automóveis de passeio, caminhonetes, ônibus e caminhões fabricados no Estado diminuiu de 116.299 para 85.950 unidades. Balanço divulgado ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) aponta ainda quedas na exportação e nos empregos do setor, que também reduziu participação na produção nacional.

Em julho foram produzidos 14.550 veículos no Paraná, um aumento de 22,92% em relação a junho. Todas as empresas apresentaram crescimento mensal: Volkswagen (31,23%), Audi (19,43%), Renault/Nissan (11,64%) e Volvo (2,38%). Porém na comparação dos sete primeiros meses de 2002 com igual período de 2001, o quadro é inverso: Renault/Nissan (-42,33%), Audi (-22,32%), Volvo (-13,99%) e Volkswagen (-9,64%). A maior retração ocorreu na planta da montadora francesa Renault, cuja produção passou de 49.980 carros para 28.821.

A expansão na produção em julho foi uma recuperação do setor, que em junho apresentou resultados muito abaixo da média, avaliou Clementino Tomaz Vieira, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos. “A redução do IPI ainda não fez diferença porque as empresas estão com grande estoque”, destacou. A expectativa para os últimos meses do ano gira em torno dos modelos 2003. “Com o lançamento de novos produtos, a tendência é melhorar as vendas. Acreditamos em promoções para queimar o estoque de veículos 2002 fabricados em 2001”, disse Vieira, reiterando que o maior problema do pólo automotivo local é a não-fabricação de carros populares, que representam 70% das vendas do País.

A participação das montadoras do Paraná na produção nacional melhorou de junho para julho deste ano (de 8,45% para 9,90%), mas o total de janeiro a julho está inferior ao mesmo período de 2001 (8,45% ante 10,19%). Na exportação de autoveículos, houve decréscimo de 20,09% – de 38.446 unidades para 30.722. A diminuição nas vendas externas atingiu todas as fábricas: Renault (-68,97%), Audi (-61,19%), Volvo (-53,60%) e Volkswagen (-10,32%).

O nível de emprego no pólo automotivo do Estado apresentou recuo de 0,55% em julho, correspondendo à eliminação de 40 postos de trabalho. Neste ano, o total de vagas diretas no setor (7.281 em julho) está 4,03% menor que no mesmo período do ano passado, devido às 306 demissões. Nos últimos doze meses, foram cortados 657 empregos, o que representa queda de 8,28%. A cadeia produtiva automobilística no Paraná foi ampliada de 44 mil empregos em 95 para 64 mil, em 2001. “Mas essa variação não atende só o mercado local. Várias empresas que se instalaram aqui vendem para montadoras de outros estados”, comentou o economista Sandro Silva, técnico do Dieese.

Máquinas agrícolas

Na contramão dos fracos resultados do segmento automotivo aparece o de máquinas agrícolas e automotrizes. A produção de tratores e colheitadeiras da Case New Holland (CNH) cresceu 8,63% nos sete primeiros meses de 2002, passando de 6.027 para 6.547 unidades. De junho para julho, houve incremento de 59,90% na produção, ampliada de 763 para 1.220 máquinas. Segundo Vieira, essa expansão está ligada ao programa federal Maderfrota, que financia a compra de equipamentos agrícolas. Com 25,54% da produção nacional do setor, a CNH teve crescimento de 15,01% na exportação nos sete meses iniciais deste ano. A empresa já anunciou que irá contratar mais 320 funcionários.

Renault marca rescisões

Olavo Pesch

Apesar do cancelamento do PDV (Programa de Demissões Voluntárias) para 140 trabalhadores, a Renault do Brasil desligará oitenta dos 2,9 mil empregados da planta de São José dos Pinhais. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba informou que, desde a semana passada até ontem, homologou trinta rescisões de contratos de trabalho com a montadora. Segundo o sindicato, há vinte homologações marcadas para a próxima terça-feira (10) e mais trinta sem data agendada. De acordo com o sindicalista Clementino Vieira, esses oitenta funcionários se inscreveram no programa de incentivos financeiros criado pela Renault em substituição ao PDV.

Aos colaboradores interessados no desligamento, a montadora está oferecendo um salário nominal por ano de trabalho, assistência médica até janeiro de 2003 e tíquetes de vale-alimentação no valor de R$ 430. A empresa informou, via assessoria de imprensa, que não iria comentar as rescisões. Disse apenas que não existe uma meta a ser atingida com o programa de incentivos.

A partir do dia 16, o segundo turno da fábrica de automóveis será desativado para reduzir a produção diária de 290 para 240 veículos Clio e Scénic. Os trabalhadores que não forem aproveitados no primeiro turno poderão ser remanejados para as fábricas de motores e de utilitários. Esta unidade, em parceria com a Nissan, manterá a produção de 35 picapes e furgões por dia.

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