PR qualifica mão-de-obra para indústria automotiva

Décimo maior produtor mundial de automóveis, o Brasil apresentou no ano passado crescimento de 9,2% nas vendas do setor. Para manter os índices positivos desse mercado que comercializou 1.545.970 veículos em 2001, foi criado no Paraná, em agosto do ano passado, o Programa Brasileiro de Formação em Motores e Combustíveis.

“O curso visa a capacitação de recursos humanos com valor tecnológico agregado nessa área que o Brasil necessita”, ressalta o engenheiro metalúrgico Ricardo Torres, professor da PUC/PR e presidente da comissão do curso.

“O mercado automotivo paranaense é grande e tende a expandir, mas até um tempo atrás as montadoras traziam gente de fora para suprir carências nas áreas de motores e combustíveis”, comenta. Com duração de 1.022 horas, em período integral durante dez meses, 40% do curso é ministrado por professores universitários e 60% por profissionais da cadeia automotiva. Graduação em Engenharia é o pré-requisito.

O Programa conta com o apoio de várias empresas e instituições, como Fiep, Citpar, ENSPM (Escola Nacional Superior de Petróleo e Motores), Rede Paraná Autotech (do governo do Paraná), UFPR, PUC/PR, Cefet/PR, UFSC, Renault, Tritec Motors e Petrobras, entre outras. Empregados das empresas participantes do programa são bancados pelas próprias empresas. Alunos sem vínculo empregatício recebem bolsa de R$ 700 do governo do Paraná.

Dos 15 alunos da primeira turma, cinco já estão empregados no pólo automotivo e cinco estão com emprego garantido em montadoras e fornecedoras do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. “O fato de nossos alunos estarem sendo procurados e sendo empregados demonstra o interesse que o mercado tem neste tipo de especialidade”, enfatiza Torres.

A segunda turma começou em março. Dos 50 inscritos, entre eles candidatos da Argentina, Bolívia e outros estados, foram selecionados onze. A próxima turma iniciará em março de 2003, com as inscrições abrindo em novembro.

Investimento

Até o final do ano, o investimento total no curso será de R$ 1 milhão. As empresas e o governo do Estado já desembolsaram cerca de R$ 600 mil. O programa foi aprovado para receber R$ 478 mil da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), do governo federal. Esse recurso se destinará à melhoria da infra-estrutura das instituições de ensino e pesquisa.

Os coordenadores do programa estudam a possibilidade de ofertar novos cursos de atualização no campo da indústria automobilística, inclusive dentro das plantas das empresas. Como o curso é único no País, a intenção não é apenas qualificar mão-de-obra para atender o mercado paranaense. “Vamos exportar gente”, reforça Torres. Informações sobre o curso estão disponíveis no site www.motoresecombustiveis.com.br .

Oportunidade

Para o catarinense Fábio Silveira de Souza, 28 anos, a especialização abriu a porta de trabalho na fábrica da Renault, em São José dos Pinhais. “Estava na última fase da graduação em Engenharia de Produção Mecânica na UFSC, quando um dos professores trouxe a notícia do curso”, conta. Em agosto, ele se mudou de Florianópolis para Curitiba.

Assim que terminaram as aulas, a Renault ofereceu vagas para os alunos do curso e ele foi um dos selecionados. Há menos de um mês ele atua como piloto na área de ensaio de motores da montadora. “Para exercer essa função, há necessidade de conhecimento específico sobre motores que a graduação não oferece. O curso foi o diferencial”, reconhece.

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