Pólo tecnológico abre 17 mil vagas em Curitiba

Os jovens que gostam de informática, falam inglês e têm interesse em aprofundar os conhecimentos em linguagens de computação não têm motivo para ficar desempregados. Pelo menos é o que dizem as pessoas envolvidas na área de Tecnologia da Informação (TI). Segundo eles, vagas nessa área não faltam e Curitiba está inserida positivamente nesse contexto. Tanto que a capital paranaense já criou até o chamado Tecnoparque, que consiste em empresas da área que estão se instalando na cidade. O Tecnoparque também prevê incentivos para aquelas que podem estar por vir. De acordo com a Prefeitura, este programa representa a geração de cerca de duas mil vagas na área de TI e outros 15 mil postos de trabalho até 2010.

Para os especialistas, Curitiba reúne várias qualidades que a fazem chamariz de empresas, principalmente as da área de TI. O presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento (que possui dez programas, entre eles o de atração de empresas para a cidade), Juraci Barbosa Sobrinho, diz que a capital possui mão-de-obra especializada nessa área (ou potencial para isso), pois pelo menos 40% das 55 instituições de ensino superior da cidade possuem formação na área de tecnologia em geral. A cidade possui, ainda, 11 cursos de TI. Outro ponto citado por Barbosa é que Curitiba conta com um pólo industrial consolidado. ?Isto faz com que haja clientes em potencial para o mercado de TI?, acrescentou.

O diretor executivo de uma dessas empresas de TI que já estão instaladas em Curitiba, Silmar Kuntze, da Atos Origin, concorda com Barbosa. A Atos Origin está em Curitiba desde dezembro do ano passado e somente ela vai abrir 450 empregos nos próximos meses. Até agora, 73 funcionários já foram contratados. ?Curitiba tem infra-estrutura em telecomunicações, transporte, incentivo aos empresários, além de sua proximidade com São Paulo, um grande centro. Além disso, a rotatividade dos funcionários da área aqui na capital paranaense é bem menor do que em outros países, o que atrai os empresários?, disse. Segundo Kuntze, a rotatividade em Curitiba gira em torno de 10%, enquanto que na Índia, por exemplo, chega a 30%.

Kuntze explicou que o Brasil é muito utilizado hoje para a prática do chamado off shore, que consiste no fornecimento de mão-de-obra mais barata. ?Além do que aqui no Brasil temos a competência técnica necessária para a área de TI, e as empresas estão descobrindo isso. O fato de termos vivido um longo período de inflação alta fez com que nos aperfeiçoássemos cada vez mais na área de hardware. Nosso nível de experiência é maior do que o da China?, diz o empresário.

E para quem já está na área há pelo menos 30 anos, a dica é muito simples: o jovem que quer iniciar uma carreira de TI deve ser muito persistente, disciplinado, aprender pelo menos uma língua (de preferência o inglês) e ser dinâmico. O analista de sistemas do HSBC, José Antônio Sávio, trabalha com TI desde 1979. Ele conta que chegou um momento em que as empresas ficaram ?reféns? dos profissionais de tecnologia, mas a maioria naquela época era engenheiro ou matemático, não tinha formação específica na área. ?Na época eram muito valorizados. Faltavam profissionais?, disse. Sávio estudou Tecnologia em Processamento de Dados na Universidade Federal de São Carlos em 1975 e acompanhou toda a evolução dos computadores. Passou por todos os cargos da profissão. ?Em 1980 as empresas começaram a usar os PCs por conta do baixo custo e tudo ficou mais dinâmico?, contou. Sobre as vagas, Sávio dá a dica: ?Qualquer profissão é difícil no começo. Se você for esforçado, chega lá?, diz.

Há vagas para cerca de 320 mil profissionais Se em Curitiba a previsão é a criação de 15 mil vagas em Tecnologia da Informação (TI) até o ano de 2010, em todo o País estimam-se que sejam necessários 320 mil profissionais na área (220 mil para atender ao mercado interno e 100 mil, para a demanda off shore). Se por um lado o cenário é positivo, por outro pode representar riscos se não houver a devida preocupação com a capacitação.

O presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação no Paraná (Assespro-PR), Luís Mário Luchetta, alerta para a falta de preocupação com a formação da mão-de-obra de TI. Ele diz que é excelente que Curitiba esteja sendo um atrativo para empresas da área, mas conta que a Assespro tem se preocupado com a formação, que hoje não é satisfatória. ?Não é só reduzir ISS, dar incentivo às empresas. É preciso adotar medidas para especializar as pessoas, que devem falar pelo menos uma língua e saber o básico dos programas.

A cidade só vai se diferenciar se ajudar a capacitar?, afirmou.

O grande problema hoje é que, apesar de haver muitas vagas, os profissionais não estão devidamente preparados. ?Muitas pessoas procuram emprego na área, mas às vezes só entendem um tipo de programa e não falam inglês, por exemplo. Aí fica difícil?.

O analista de sistemas José Antônio Sávio, que trabalha na área há 30 anos, conta que hoje os profissionais de TI ganham razoavelmente bem, levando em conta que muitos deles não precisam nem de curso superior. Mas ele diz que já foi melhor. ?Na medida em que foram criando novos cursos e foram surgindo mais profissionais, os níveis salariais caíram?, disse. E para se manter na área, segundo Sávio, o negócio é se atualizar. ?Hoje está muito mais fácil. Antigamente eram só as empresas grandes que contratavam. Mas é preciso sempre fazer novos cursos, pós graduação, buscar sempre novas formas de fazer o melhor. A área muda e a gente tem que mudar junto?, analisa.

As empresas instaladas em Curitiba estão contratando.

Quem se interessar pode mandar o currículo pelo email bancodetalentos@ assespro.org.br. Não é preciso curso superior, basta conhecimento nas linguagens DB2, Cobol e CICs, além de falar inglês ou espanhol. (MA)

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