Pólo automotivo do Paraná perdeu mercado em 2002

O pólo automotivo do Paraná interrompeu em 2002 o ritmo de crescimento experimentado desde 1995 na produção de veículos leves. Naquele ano, representava 0,42% do total do País, número que saltou para 3,54% em 99, 7,89% em 2000 e atingiu 11,04% no ano passado. Neste ano, de janeiro a setembro, a produção local recuou para 8,40% do total fabricado pelas montadoras brasileiras, devendo fechar o ano com queda de 50 mil a 100 mil veículos em relação ao total de 2001.

Os dados são da sexta edição da pesquisa do programa Paraná Automotivo, coordenada pelo Sindimetal/PR (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Paraná) e Sebrae/PR (Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa), com apoio do Tecpar.

“A principal razão para a perda de participação do Paraná foi a ausência de lançamentos de ponta para competir com o Celta gaúcho, que consolidou sua entrada no mercado, e com o Fiesta, que começou a ser feito na Bahia em junho e já está com uma produção alta”, analisou Élcio José Rimi, coordenador do programa Paraná Automotivo. Na avaliação dele, o pólo automotivo do Estado ainda está em maturação. “Mais de 75% dos componentes dos carros daqui vêm de São Paulo. O pólo automotivo paranaense não anda porque carece de estratégia própria”, opina, salientando que a maioria das decisões sobre investimentos é tomada nas matrizes das montadoras.

A pesquisa realizada junto a 87 empresas apontou ainda diminuição do volume de peças compradas dos fornecedores locais de 6,8%, em 2001, para 2,4%. A expectativa era alcançar 9%. Por outro lado, nas importações, onde o setor esperava redução para 27%, houve incremento de 35% para 37%. “As indústrias de automóveis não nacionalizaram muito porque não houve novas plataformas de desenvolvimento, mas o dólar alto e o aço, que aumentou 55% neste ano, vão forçar a nacionalização no ano que vem”, aponta Rimi.

Novos mercados

Porém a retração no volume de compras das montadoras instaladas no Estado não significou necessariamente resultados negativos para os fornecedores da cadeia. Entre as 54 empresas de origem paranaense, 52% aumentaram o faturamento e 33% mantiveram o desempenho de 2001. Em relação à rentabilidade, 41% das empresas locais estimam aumento em relação ao ano passado e 19% prevêem estabilidade. 71% dos entrevistados obtiveram melhor produtividade em 2002.

Rimi explica que muitas empresas da base local migraram para o mercado de reposição e conquistaram novos mercados em outros estados. É o caso da estamparia Magius, fornecedora da Volvo e Case New Holland no Paraná e ainda da Scania e Mercedes-Benz, que desmancha em média 450 toneladas de aço por mês. A empresa estima faturamento de R$ 27 milhões em 2002 contra R$ 19 milhões em 2001. “Não é interesse atender a Renault ou Audi, mas estamos de olho na John Deer, fábrica de tratores e colheitadeiras no Rio Grande do Sul”, revela o diretor administrativo Adalberto Cardoso.

Inovação tecnológica

O cenário econômico adverso também não impediu investimentos dos fornecedores de autopeças. Mas o capital próprio aparece como a principal fonte de financiamento para novos produtos, novo ferramental, modernização de plantas e novas plantas. “Esse é um retrato que tem que mudar, porque o acesso mais lento à tecnologia freia a economia do País”, considera Rimi. Somente no capital de giro, a maior parte recorre aos bancos privados. “No Paraná e no Brasil, a pequena e média empresa não tem fomento”.

Montadoras esperam melhoras

Olavo Pesch

As montadoras paranaenses projetam aquecimento do mercado e crescimento das marcas em 2003. De janeiro a outubro deste ano, as vendas de carros no País somam 1.173.065 unidades, correspondendo a uma queda de 8% sobre o mesmo período de 2001. A Renault do Brasil, que vendeu 70.270 carros no último ano, espera fechar o ano com 65 mil unidades comercializadas. Para 2003, a expectativa é passar dos atuais 4,6% para 5% de participação de mercado. “Esperamos crescer 15% a 20% no volume de vendas para o Brasil”, disse ontem o diretor-geral da Renault do Brasil, Pierre Poupel, no seminário do programa Paraná Automotivo.

“Nossa previsão conservadora para o ano que vem é que o mercado brasileiro passe um pouco dos 120 mil carros por mês. É necessário esperar a política automobilística do novo governo”, declarou Poupel. A montadora francesa já investiu US$ 1,350 bilhão no Brasil e espera atingir o equilíbrio financeiro no final de 2004, informou o executivo. Para isso, conta com o lançamento de novos modelos do Clio e Scénic, que também serão exportados. Em 2004, deverá iniciar a produção do novo Mégane no Paraná. A Volkswagen/Audi começa no final do ano que vem a montar um novo modelo da família Polo, com comercialização prevista para 2004.

A Nissan – que tem uma fábrica conjunta com a Renault em São José dos Pinhais – pretende fechar o ano com 4 mil veículos vendidos no Brasil, ante 1.549 em 2001. Para 2003, a meta é chegar a 8.800 carros. Para fortalecer a marca e aumentar a participação de mercado, lançará dois novos modelos no próximo ano: a picape Frontier cabine simples e o utilitário esportivo Xterra. Ambos serão produzidos no Paraná. Já a Volvo do Brasil, fabricante de caminhões e ônibus, planeja crescimento entre 5% e 10% em 2003, aumentando a utilização da capacidade instalada e o índice de nacionalização, além de buscar acordos internacionais para alavancar o potencial exportador.

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