Políticas fiscal e cambial não vão mudar

Foto: Agência Brasil

O governador de Tocantins, Marcelo Miranda, Lula e Sarney: economia está tranqüila.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a garantir, ontem, que não haverá mudanças no câmbio e nem na política fiscal do governo. ?O câmbio continuará flutuante?, disse Lula, ao encerrar uma visita a um trecho na ferrovia Norte-Sul, em Aguiarnópolis (TO).

O presidente afirmou que a economia brasileira está ?tranqüila?, lembrou que o País tem ?reservas? e culpou a turbulência global pela alta de 3,67% no dólar, a maior variação desde 26 de maio de 2003, e a queda na bolsa, anteontem. ?Há uma turbulência no mundo inteiro por conta dos anúncios do banco central americano, mas eu estou convencido que a economia brasileira está tranqüila?, disse.

Lula negou que vá haver quaisquer alterações na política econômica, seja por conta das turbulências externas ou do ano eleitoral.

?Enganam-se aqueles que pensam que nós vamos abrir mão da nossa responsabilidade fiscal. Eu digo sempre o seguinte: não haverá processo eleitoral que me faça fazer que não haja seriedade no controle fiscal?, afirmou, para depois acrescentar que ?a minha tese é a mesma de sempre: nós só gastaremos aquilo que temos, não inventaremos gastos, vamos cumprir com nossos compromissos?.

Lula ainda justificou a necessidade de manter o superávit fiscal, um dos pontos mais criticados da política econômica de seu governo. De acordo com o presidente, a manutenção do superávit é necessária para ?mostrar aos credores que iremos arcar com as nossas responsabilidades?, e não porque o governo ?gosta? de fazê-lo. ?Quem chegou até agora com uma situação de tranqüilidade, como nós chegamos, não vai jogar fora a conquista que tivemos?, disse.

Energia

O presidente afirmou que a semana passada foi ?cheia de alegrias? e ?maravilhosa?, numa referência às decisões tomadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e pela Petrobras. Duas têm maior destaque: o H-bio, um novo tipo de óleo diesel produzido com óleos vegetais, e o anúncio de que, em dois anos, o Brasil será auto-suficiente em gás natural.

?O Brasil não vai depender de ninguém nessa questão energética. E isso coloca o Brasil – prestem atenção os mais jovens no que eu estou falando -, nos próximos 20 ou 30 anos, como a maior potência energética do mundo?, disse.

O presidente disse que nunca tinha imaginado viver para ouvir: ?Vamos comprar um barril de petróleo, ah não, vamos comprar uma ?saca de petróleo?. Vamos plantar um ?hectare de petróleo?, porque vai ser assim, daqui a alguns anos, vai ser assim. Ninguém vai conseguir competir com o nosso querido País?.

Campanha

O presidente assumiu, de vez, o tom de campanha eleitoral e fez duros ataques à oposição. Sem citar os adversários, disse que há políticos que não gostam de pobre, não conhecem o interior do país e torcem para o Brasil não dar certo para que possam voltar ao poder.

?Tem um tipo de político no Brasil que por mais experiência que tenha, mais mandato, mais cargo que tenha ocupado está sempre torcendo para que as coisas não dêem certo pra ver se eles voltam. É muito fácil fazer crítica quando se está numa sala com ar refrigerado?, disse Lula.

Ao exaltar feitos do seu governo nas áreas social e econômica, Lula disse que alguns de seus adversários gostariam que a inflação estivesse em alta e que o País ainda estivesse dependendo do Fundo Monetário Internacional (FMI).

?Tem gente que gostaria que a inflação estivesse em 30%, que o país não estivesse crescendo, que as exportações não estivessem crescendo, que o FMI estivesse em minha porta batendo, que o salário mínimo e o emprego não estivessem crescendo. Mas para desgraça deles tudo isso está acontecendo?, acentuou o presidente.

Lula mais uma vez se comparou com Juscelino Kubitschek, dizendo que tem sido mais ofendido do que foi o ex-presidente:

?As ofensas que fizeram a ele, fazem pior a mim, mas não perco a tranqüilidade e vou me encontrar com o povo, porque o povo pensa outra coisa?, discursou.

Ao lado do ex-presidente José Sarney, Lula fez um mea-culpa pelas críticas que fez no passado à ferrovia, projeto de Sarney, e em contrapartida recebeu rasgados elogios do senador. Sarney disse que Lula é um grande administrador, ?um homem que está marcando a história do País? e que vai sempre apoiá-lo.

Na festa, em clima de comício, havia faixas com os dizeres ?Lula de novo, governo do povo? e ?Lula mais quatro anos!?

Reeleição

O PT indica oficialmente o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à reeleição no dia 24 de junho, às 10h. Esta é a data definida para a Convenção Nacional do PT, quando será lançada a candidatura à Presidência da República e à Vice-Presidência. É também na convenção que serão oficializadas as alianças nacionais. A Convenção Nacional do PT será realizada no Minas Brasília Tênis Clube, em Brasilia.

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