Polícia Federal flagra ligação do PCC com doleiros

Pela primeira vez, a Polícia Federal (PF) surpreendeu integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) usando doleiros para efetuar pagamentos e dividir lucros entre os integrantes da facção. O esquema foi desarticulado na terça-feira (26), com a prisão de 15 pessoas em três Estados, durante a Operação Downtown. Cerca de R$ 1,1 milhão em euros, dólares e reais foram apreendidos pelos agentes federais. “Não sabemos quanto disso pertence ao PCC, mas esse dinheiro representa o que os doleiros movimentavam por dia” afirmou o delegado José Alberto Iegas, da PF.

Ao todo, 50 mandados de busca e apreensão foram expedidos e 15 de prisão, todos cumpridos. Os doleiros são acusados de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem autorização, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Os agentes prenderam dez doleiros em São Paulo, a maioria com escritórios no centro da cidade, quatro em Belo Horizonte e um no Rio. “Estamos investigando se a facção usou doleiros para enviar dinheiro para o exterior”, afirmou.

O delegado pretende ainda conseguir provas de que o dinheiro movimentado pela facção por meio dos presos era proveniente de contribuições de associados ou do tráfico de drogas. Definindo a origem criminosa dos recursos, será possível acusar os envolvidos por lavagem de dinheiro do crime organizado. Para ele o PCC começou a utilizar-se de doleiros a fim de garantir movimentação mais rápida e eficaz para o dinheiro, ao mesmo tempo em que driblava os controles sobre operações financeiras em contas bancárias, que podem ser rastreadas pela polícia. Presos de uma penitenciária do interior do Estado contatavam os doleiros.

As investigações da PF começaram há seis meses. Os policiais estavam atrás de doleiros que agiam no centro de São Paulo. Além de clientes do PCC, os detidos eram usados por outros grupos criminosos. Eles serviriam, por exemplo a integrantes da máfia nigeriana, envolvida no tráfico de drogas. Os nigerianos contratavam as pessoas do esquema para enviar dinheiro à África do Sul. Os acusados também enviavam dinheiro à China para o pagamento de importações subfaturadas por comerciantes chineses que trabalham na região da Rua 25 de Março. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.