PIB forte ajuda a enfrentar crise, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira (9) que o crescimento forte do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre coloca o Brasil em condições mais favoráveis para o enfrentamento da crise internacional. Segundo ele, o desempenho positivo até setembro deu musculatura para que o País atravesse o período mais difícil da economia mundial. “Estamos em um período de turbulência com mais força. Por isso, nossa desaceleração será menor do que a de outros países que já estavam com crescimento debilitado”, afirmou Mantega.

Apesar do tom otimista, o ministro admitiu que o País vai desacelerar no quarto trimestre e registrará crescimento em torno de 3%, fechando o ano com uma taxa de 5% a 5,5%. Lembrando que nos últimos trimestres a economia brasileira cresceu a taxas superiores a 6%, Mantega destacou que essa expansão tem ocorrido de forma equilibrada, com a inflação sob controle. “A inflação só subiu por conta do choque de commodities”, afirmou.

Ele também ressaltou o papel dos gastos públicos como propulsor do crescimento. Segundo o ministro, apesar de os gastos do governo terem crescido menos que o PIB, eles deram sua contribuição para esse desempenho favorável sem que as contas públicas fossem prejudicadas. Ele citou os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e mencionou especificamente as despesas com programas sociais que contribuíram para o crescimento superior a 7% na demanda das famílias.

Mantega afirmou que o terceiro trimestre não será o último com crescimento forte no governo Lula. Segundo ele, apesar de ser esperada uma desaceleração da economia no quarto trimestre e em 2009, o País deve voltar a ter taxas expressivas de crescimento em 2010. “Pela situação da nossa economia acredito que em 2010 voltaremos para as taxas de crescimento verificadas neste ano”, afirmou em entrevista coletiva no Ministério da Fazenda.

Em relação ao desempenho da economia em 2009, Mantega disse que a estimativa do governo de crescimento de 4% não é simplesmente uma projeção econômica, mas sim uma meta pela qual o governo vai trabalhar para que seja alcançada. “Conseguiremos crescer 4% se todos trabalharmos por isso”, disse ele, que afirmou também que o governo tomará todas as medidas que julgar necessário para estimular o crescimento.

Medidas

O ministro da Fazenda assegurou que o governo vai continuar respondendo à crise internacional com medidas quando forem necessárias. Ele voltou a afirmar que o governo não tem feito pacote, mas tem trabalhado com ações na medida em que os problemas estão sendo identificados. Questionado sobre a reclamação de empresários de que as medidas já anunciadas dentro do Programa de Desenvolvimento Produtivo não saíram do papel, Mantega respondeu que a grande maioria delas já entrou em vigor. “Não sei quais são as medidas que não foram colocadas em prática”, disse.

O ministro evitou fazer comentários sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa hoje. “Não comento o Copom nem na véspera nem depois da véspera. Perguntem para o presidente Henrique Meirelles (do Banco Central)”, disse.