PIB agrícola cai e leva junto a produção

O ano de 2005 traz más notícias para o setor rural. O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária deste ano deverá apresentar queda de R$ 14,23 bilhões em relação ao resultado de 2004. A estimativa foi obtida a partir de estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP).

A pesquisa considera os resultados acumulados do agronegócio até maio, permitindo projetar o resultado para todo o ano. Conforme a estimativa, o PIB da atividade primária da agropecuária será de R$ 146,42 bilhões em 2005, 8,9% a menos que os R$ 160,65 bilhões do ano passado.

Tanto agricultura como pecuária têm redução do PIB em 2005, explica o chefe do Departamento Econômico (Decon) da CNA, Getúlio Pernambuco, o que já está afetando também o resultado conjunto do agronegócio, que envolve também os setores de insumos, indústria e distribuição. O PIB do agronegócio é estimado em R$ 532,13 bilhões para 2005; frente R$ 533,98 bilhões, no ano passado. É uma perda de R$ 1,85 bilhão, que pode aumentar ainda mais, caso a crise da agropecuária ganhe dimensões ainda maiores, pela falta de instrumentos de apoio à produção e à comercialização.

Isoladamente, o PIB da agricultura é estimado em R$ 81,44 bilhões para 2005, 14,6% menos que os R$ 95,43 bilhões do ano passado. Segundo avalia Pernambuco, a agricultura sofreu com quebra de safra, devido a fatores climáticos e a incidência da ferrugem asiática sobre as lavouras de soja, e queda dos preços médios de comercialização, por causa do excesso de oferta mundial. O PIB da pecuária também deverá apresentar retração, caindo para R$ 64,97 bilhões, este ano, contra R$ 65,22 bilhões, no ano passado.

Frente à crise de renda, os produtores rurais tendem a investir menos nas lavouras, nos rebanhos, em suas propriedades e na renovação da frota de máquinas agrícolas. Ou seja, os problemas enfrentados pelos produtores rurais vão, gradativamente, atingindo também demais segmentos produtivos, não ficando as perdas restritas somente às fazendas, diz Pernambuco.

O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Macel Caixeta, critica também a demora no anúncio do plano de safra 2005/2006, alertando que o produtor está sem renda e sem estimativa de crédito disponível para planejar o plantio da nova safra. ?Já passou a hora de anunciar o novo plano de safra. Dessa forma, o melhor, para o produtor, é ficar parado do que plantar fora de hora?, diz Caixeta. O dirigente da CNA alerta que a crise da agropecuária, na última safra, aliado à falta de definições sobre mecanismos de apoio para o novo período de plantio, deverá comprometer a produção brasileira de grãos. ?É possível estimar uma queda para abaixo de 100 milhões de toneladas?, diz. Na última safra, o Brasil colheu 112,3 milhões de toneladas de grãos, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A análise dos dados de faturamento das 25 principais commodities agrícolas também comprova a crise da agropecuária. Com base nos resultados acumulados entre janeiro e junho, é possível estimar que o Valor Bruto de Produção (VBP) desse grupo de produtos será de R$ 166,4 bilhões, ou seja, R$ 27,6 bilhões a menos que os R$ 194 bilhões do ano passado. As piores perdas foram registradas entre os grãos, que enfrentaram problemas climáticos (gerando quebra de safra) e queda dos preços médios de negociação.

Dessa forma, o VBP da agricultura deve atingir R$ 97,6 bilhões este ano, 21% a menos que os R$ 123,5 bilhões do ano passado. O VBP da pecuária deve cair 2,3%, atingindo R$ 68,8 bilhões, este ano, contra R$ 70,4 bilhões, em 2004.

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