Petróleo supera casa dos US$ 60 o barril

O preço do petróleo na Bolsa Mercantil de Nova York fechou ontem acima dos US$ 60, cravando novo recorde histórico para um fechamento dos contratos do mês de referência, para agosto deste ano. O barril da commodity fechou cotado a US$ 60,54, alta de 1,17%. Durante o dia também houve recorde histórico durante as negociações, com o barril chegando a US$ 60,95. No ano, a alta do óleo americano já chega a 40,9%, enquanto a do Brent, negociado em Londres, está em 46,7%. Ao longo de 2004, a valorização do petróleo foi de 30%.

Os atuais preços do petróleo evidenciam, segundo analistas, o temor de uma eventual escassez de petróleo e de gasolina nos EUA, que tem pressionado as negociações há meses, e que a disparada de preços não tem outro fundamento a não ser a simples especulação.

O presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), xeque Ahmed Fahd al Ahmed al Sabah, disse ontem que o cartel deve decidir nesta semana por um novo aumento de 500 mil barris por dia em sua cota oficial de produção, na tentativa de conter as altas da commodity.

O ministros do Petróleo dos países membros avaliam os dados sobre demanda e estoques de maio para decidir qual serão as ações tomadas pelo cartel para conter os preços, disse Al Sabah.

?Se (os ministros) acharem que há falta do produto no mercado por causa de fornecimento, creio que eles irão aprovar a liberação? (de um novo aumento de 500 mil barril por dia), disse o presidente da Opep. ?Estou aguardando a resposta e acho que nesta semana chegaremos a uma solução?, acrescentou.

A maioria dos países membros, no entanto, já está perto do seu limite máximo de produção. Apenas a Arábia Saudita dispõe de reservas para atender algum aumento de produção, com 1,5 milhão de barris por dia de capacidade ociosa. Os demais países dispõem de reservas de petróleo pesado, de difícil refino, o que encareceria o preço do produto refinado.

No dia 15 deste mês, a organização já havia decidido aumentar a cota oficial de 500 mil barris diários, passando de 27,5 milhões de barris por dia para 28 milhões.

Explicações

A disparada dos preços do petróleo pode ser explicada pela soma de fatores geopolíticos e técnicos. O crescimento da demanda é um deles. O avanço quase simultâneo de todas as economias do mundo ano passado gerou forte aumento no consumo de petróleo, principalmente na China e nos Estados Unidos.

A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê um crescimento de 2,2% na demanda mundial de petróleo em 2005, para 84,3 milhões de barris por dia.

As preocupações são grandes com relação ao quarto trimestre: a demanda deve chegar a 86,4 milhões de barris diários, contra 84,5 milhões de barris diários sobre o mesmo período de 2004. Além disso, alguns analistas temem escassez de petróleo no último trimestre, em particular se o inverno for rigoroso no Hemisfério Norte.

Por outro lado, a produção tem dificuldades de acompanhar a disparada da demanda. Pressionada por todos os lados, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que fornece 40% do cru mundial, deu início a uma série de altas em sua cota de produção. Hoje, a produção do cartel é de 28 milhões de barris diários e, em breve, poderá passar a 28,5 milhões de barris diários, se os preços continuarem subindo.

Para a Opep e inúmeros analistas, a falta de capacidade de refino está no gargalo da questão. Segundo o ministro saudita do Petróleo, Ali Al-Nouaïmi, a solução para ?a metade do problema dos preços elevados? é construir refinarias. A refinaria mais nova de toda a Europa e dos Estados Unidos foi construída há 30 anos. Pior, parte delas não refina bruto pesado, provocando escassez de produtos como gasolina, óleo para aquecimento e diesel.

Voltar ao topo