Petrobras adia início de operações do Comperj para 2013

A Petrobras adiou mais uma vez o prazo para a inauguração da primeira unidade do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Pelo novo prazo, a inauguração vai ocorrer em setembro de 2013. Anteriormente, a estatal havia programado o início das operações da unidade para meados de 2011 e, depois, para o fim de 2012.

A confirmação do novo prazo foi dada hoje pelo diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. Segundo ele, o valor estimado para o Comperj, de US$ 8,4 bilhões, também está sendo revisado para o anúncio do novo plano de investimentos da companhia, discutido na diretoria.

O diretor afirmou, no entanto, que já está acertada a ampliação da capacidade total de processamento da refinaria, de 150 mil barris por dia para 165 mil barris por dia, além da duplicação da unidade, após três ou quatro anos depois da inauguração, para 330 mil barris por dia.

Costa explicou que o aumento se dá principalmente por conta do crescimento do consumo de vários produtos, especialmente do QAV (querosene de aviação), que vem apresentando alta de 8% ao ano. Além disso, “em 2006, quando o projeto básico do Comperj foi feito, não havia ainda a perspectiva de adoção do diesel 10 ppm (partes por milhão), que terá que ser implantado por acordo na área ambiental”. “Tudo isso exige mais de nossas unidades”, afirmou.

Segundo ele, o atraso nas obras se dá principalmente por conta da renegociação de contratos em busca de uma redução nos custos finais do empreendimento. “Preferimos escorregar no prazo do que no preço”, afirmou, em entrevista coletiva para anunciar a assinatura de dois dos três primeiros contratos firmados para as primeiras etapas da obra da refinaria. A assinatura ocorrerá na próxima segunda-feira, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os dois contratos referem-se à unidade de destilação a vácuo e à unidade de hidrocraqueamento, a primeira a ser instalada numa refinaria no País. Os valores de cada contrato são, respectivamente, de R$ 1,1 bilhão e R$ 1,46 bilhão. Um terceiro contrato, para a unidade de coqueamento retardado, será assinado nas próximas semanas, no valor de R$ 1,89 bilhão.

De acordo com Costa, nesses três primeiros contratos, no valor total de R$ 4,45 bilhões, houve uma redução de R$ 2,6 bilhões entre os preços iniciais e os que foram fechados. “Estamos seguindo o exemplo já adotado na Refinaria de Pernambuco, onde os contratos tiveram redução superior a R$ 7 bilhões do que estava sendo negociado inicialmente”, afirmou.

Gasolina

O diretor de Abastecimento e Refino disse que a companhia importou em torno de 1,2 milhão de barris por dia (bpd) de gasolina nos meses de janeiro e fevereiro de 2010, por conta do aumento do consumo do combustível no País, após a redução da mistura de etanol de 25% para 20%. Além disso, por conta da alta do preço do etanol nas bombas, houve também crescimento na demanda por gasolina nos postos, o que elevou o consumo diário de 300 mil para 400 mil barris por dia. Segundo Costa, o volume importado equivale hoje ao consumo de três dias.

O diretor estima que este volume de importações deve diminuir em março, com a entrada da safra de etanol, que pode “aliviar” a pressão no consumo e fazer com que os motoristas voltem a utilizar o derivado de cana-de-açúcar em seus veículos flex. “Quanto à mistura, somente em maio o governo federal deve autorizar a retomada dos 25%”, lembrou.

Costa destacou que a estatal havia suspendido a exportação de gasolina em outubro do ano passado, quando estava vendendo para o exterior em média 40 mil barris por dia. Nos dois meses seguintes, segundo ele, foram exportados apenas residuais de contratos que precisavam ser cumpridos. A importação teve início em 2010. “A importação tem que ser avaliada no dia-a-dia. Por vezes, acaba sendo melhor importar por conta do preço”, disse.

Abreu e Lima

Costa disse ainda que a companhia não recebeu nenhum comunicado oficial por parte da petroleira venezuelana PDVSA sobre a efetivação do pagamento dos US$ 490 milhões pelos custos da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A unidade teoricamente seria construída em parceria entre a Petrobras e a PDVSA, mas a estatal venezuelana até o momento não aportou recursos.

Os US$ 490 milhões referem-se apenas ao total auditado referente à parte da PDVSA nos custos até agosto de 2009. A companhia ainda teria de arcar com 40% do empréstimo de R$ 9 bilhões que a Petrobras fez junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para destinar à refinaria. “O contrato sequer está assinado ainda. Estão todas as páginas rubricadas, e não há discussão mais sobre qualquer aspecto técnico. Mas, na prática, a Petrobras está tocando o negócio sozinha e não há atraso”, disse.