Paraná fica livre da aftosa em setembro

O Paraná deve recuperar, a partir do próximo mês de setembro, o ?status? de zona livre de febre aftosa perante a OIE (Organização Internacional de Epizootias). A informação é do secretário estadual de Agricultura, Newton Pohl Ribas, que ontem, em entrevista coletiva à imprensa, apresentou resultados de exames sorológicos feitos em animais-sentinelas inseridos em sete propriedades paranaenses consideradas focos da doença pelo Ministério da Agricultura.

?Das propriedades onde foram inseridos animais-sentinelas, cinco estão apresentando resultados negativos em 100% das amostras analisadas. As outras duas aguardam que os trabalhos sejam concluídos dentro de um período de trinta dias, sendo que houve atrasos na colocação de sentinelas por parte do Ministério da Agricultura?, disse o secretário. ?Todos os sentinelas foram trazidos de Santa Catarina, estado que há dez anos não vacina seus rebanhos contra aftosa.?

Após o início dos exames sorológicos, quatro propriedades que foram consideradas foco já foram liberadas para repovoamento de animais e atividade comercial normal. São as fazendas Cesumar e Pedra Preta, em Maringá; Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso; e Santa Izabel, em Grandes Rios. Os animais de todas elas tiveram amostras de sangue coletadas três vezes, em intervalos de 45 dias. Todas elas apresentaram resultados negativos.

As fazendas São Paulo e Alto Alegre, em Loanda, já passaram pela primeira sorologia, que teve resultado negativo, devendo passar pela segunda na próxima semana. Já a fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, aguarda o resultado da terceira sorologia, que deve ficar pronto nos próximos dias. No local, de acordo com a Secretaria de Agricultura, as duas primeiras amostras coletadas de sentinelas também tiveram resultados negativos.

?Encerrados todos os exames, os proprietários das fazendas consideradas foco de febre aftosa devem entrar com uma ação jurídica contra o governo federal solicitando indenização. Minha propriedade está interditada desde o último dia 5 de dezembro e calculo que o prejuízo já deva ultrapassar R$ 2 milhões?, afirmou o proprietário da fazenda Cachoeira, André Carioba, que recentemente foi eleito presidente da Associação dos Produtores de Bovino de Corte do Paraná. Segundo informou Newton Ribas, a ação dos produtores deve contar com o apoio do governador Roberto Requião.

Durante a coletiva, o secretário também informou que foi verificada ausência de atividade viral em propriedades localizadas em um raio de dez quilômetros das fazendas tidas como foco. De 885 propriedades presentes em área de risco, 585 passaram por sorologia. Foram coletadas 10.300 amostras de sangue, das quais 10.205 foram negativas e 95 ainda aguardam resultado.

Vacinação

No que diz respeito à primeira etapa da Campanha de Vacinação contra a Febre Aftosa no Paraná em 2006, realizada entre os dias 01 e 20 de maio, Newton Ribas divulgou que 98% dos 10 milhões de cabeças de bovinos e bovídeos presentes em 210 mil propriedades localizados no Estado foram vacinados. O índice foi considerado um dos maiores obtidos nos últimos anos. Dos animais vacinados, 1550 estavam em reservas indígenas e 2665 em áreas ocupadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).

Para dar continuidade aos trabalhos de defesa sanitária animal e vegetal no Estado, a Secretaria de Agricultura solicitou ao governo federal, no último dia 9, recursos de aproximadamente R$ 8 milhões. ?Há três anos que não nos é feito repasse algum?, revelou o secretário. Neste período, o custeio das as ações de defesa sanitária no Paraná foi de cerca de R$ 15 milhões.

Outra ação para evitar a febre aftosa no Estado deve ser a revitalização e ampliação do Centro de Diagnóstico Marcos Enrietti, que funciona em Curitiba, dentro da UFPR, e é considerado de referência, devendo receber investimentos totais de cerca de R$ 3 milhões. Além disso, o governo do Estado deve fortalecer trabalhos de vigilância epidemiológica em suas áreas de fronteiras internacionais. A partir da fronteira, devem ser controladas áreas de 25 quilômetros dentro do Estado e de 25 quilômetros dentro do Paraguai e da Argentina. ?Não adianta trabalhar só dentro do Paraná. Vírus não respeita cerca nem divisa?, declarou o secretário.

Desde o dia 10 de outubro do último ano, 45 países deixaram de importar carne do Paraná e do Mato Grosso do Sul. Em território paranaense, nas sete propriedades tidas como foco da aftosa, foram sacrificados 6.781 animais. As fazendas que tiveram o maior número de animais mortos foram a São Paulo (2.745), a Cachoeira (1.810) e a Alto Alegre (1.728).

Durante os sacrifícios dos rebanhos, foram necropsiados 21 animais das fazendas. Os resultados desses exames deverão sair até o final deste mês.

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