Paraná e Paraguai vão combater a aftosa

O combate à febre aftosa na região da fronteira do Paraná com o Paraguai foi discutido ontem em Curitiba, entre representantes da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), da iniciativa privada e do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa), do Paraguai. Serão adotadas medidas de prevenção, como um sistema de vacinação conjunto e o georreferenciamento de propriedades criadoras de gado situadas até 25 quilômetros em ambos os lados da fronteira internacional do Brasil, pelo Paraná, com os departamentos de Canindeyú e Alto Paraná, províncias do país vizinho. Esta foi a terceira reunião bilateral para discutir a prevenção da febre aftosa na região.

No Paraná, o georreferenciamento compreenderá todas as propriedades de bovídeos localizadas em onze municípios perto da fronteira: Foz do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Missal, Santa Helena, Entre Rios do Oeste, Pato Bragado, Marechal Cândido Rondon, Mercedes e Guaíra.

Haverá também o cadastramento de propriedades com bovídeos da região, nos mesmos parâmetros de distância em relação à fronteira. O Estado já possui um cadastro de todas as propriedades com gado, mas será feita uma atualização dos dados das 8.745 propriedades localizadas nestes 11 municípios pelos conselhos intermunicipais de sanidade agropecuária e secretarias municipais de agricultura. Paraná e Paraguai farão ainda a identificação dos bois existentes nas propriedades.

A partir do dia 15 de fevereiro, até a primeira semana de março, será realizada uma vacinação estratégica em conjunto contra a aftosa nas propriedades dos 11 municípios paranaenses. No Estado, a vacinação será implementada com o acompanhamento pelos conselhos municipais e intermunicipais de sanidade agropecuária e secretarias municipais de agricultura, com a supervisão da Seab. O órgão vai disponibilizar recursos para a compra da vacina e dos brincos de identificação.

Para o presidente do Senacsa, Hugo Corrales Irrazábal, o conjunto de medidas vai tornar transparente o processo de combate à aftosa na fronteira com os dois países. ?Vai eliminar a desconfiança?, acredita. O vice-governador e secretário de Estado da Agricultura, Orlando Pessuti, afirma que o quadro do Paraná em relação ao Paraguai é menos problemático do que em Mato Grosso do Sul, onde há fronteira seca. ?No lado paranaense, Brasil e Paraguai ficam separados pelo lago da Usina de Itaipu. Além disso, a maior parte das propriedades desta área são agrícolas?, segundo o secretário.

O cronograma de ações conjuntas está praticamente pronto, faltando apenas alguns detalhes. Ontem, o Paraná entregou o georreferenciamento das mais de 8 mil propriedades da região. ?Estamos vendo a estratégia de vacinação em conjunto com as cooperativas, sociedades rurais, associações de produtores e as prefeituras?, conta Pessuti. Ele informa que já existem conversas para fazer o mesmo tipo de trabalho na área de fronteira com a Argentina.

Resultados dos exames devem chegar segunda-feira

O governo do Estado espera receber na segunda-feira a análise do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) dos exames realizados nas 11 propriedades interditadas há 90 dias, quando se cogitou a existência de um foco de febre aftosa no Estado. Ontem houve uma reunião em Brasília, com a presença dos técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), porém as análises epidemiológicas não ficaram prontas. ?Espero que possamos ter todas as nossas dúvidas esclarecidas e que possamos ver a situação destas 11 propriedades que estão interditadas no Paraná?, comenta Orlando Pessuti, vice-governador e secretário de Estado da Agricultura. As áreas referentes aos testes ficam nos municípios de Amaporã, Loanda, Maringá e Grandes Rios.

De acordo com o secretário, o ministério amenizou as restrições quanto à circulação e comércio de animais nas áreas interditadas pelo risco sanitário, nesta semana. ?Isto significa o reconhecimento do trabalho que estamos fazendo nesta área estabelecida como de risco sanitário. Nós estamos com a situação em uma condição bem melhor do que estávamos há alguns dias?, avalia Pessuti.

O Mapa também protelou para a semana que vem o envio das informações solicitadas na liminar emitida pelo juiz Cléber Sanfelici Otero, da 3.ª Vara de Justiça de Londrina. O documento impede o sacrifício de pouco menos de 1.800 animais suspeitos de febre aftosa na Fazenda Cachoeira, de propriedade de André Carioba. Pelo texto da liminar e análise dos autos do processo, o prazo para que a União apresentasse os dados sobre os testes expirou ontem, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00. Porém o superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Valmir Kowaleski, diz que o Mapa só foi acionado na última terça-feira, de modo que o prazo termina na próxima terça-feira, levando-se em conta os dias úteis.

O repasse dos documentos e outras avaliações visam cumprir a exigência da liminar e podem ser fundamentais para que o processo de sacrifício dos animais seja concluído. Mesmo questionando a validade dos testes, o Conselho de Sanidade Agropecuária do Paraná (Conesa), votou pelo sacrifício com o intuito de reconduzir o Paraná ao livre mercado da carne em um prazo de seis meses.

O recurso para tentar cassar a liminar continua nas mãos dos advogados da Advocacia Geral da União (AGU). Segundo informou a assessoria de imprensa do órgão, o documento deve dar entrada no Tribunal Regional Federal – 4.ª Região no início da próxima semana. (Joyce Carvalho e Gisele Rech)

Missão da UE vem visitar MT e PR

Uma missão composta por seis técnicos da União Européia chega ao Brasil neste fim de semana para visitar propriedades rurais e frigoríficos nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, onde se registraram focos de febre aftosa.

A missão, chefiada por Antonio Rosinha, tem por objetivo verificar o trabalho que vem sendo desenvolvido para erradicação dos focos e as condições de certificação. O roteiro da missão, que deverá ser definido na segunda-feira (23) prevê também uma visita ao laboratório de diagnósticos de Porto Alegre, da qual participarão técnicos do Lanagro de Belém.

Segundo o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge Caetano Júnior, esta é a primeira missão da União Européia a visitar o Brasil após o registro dos focos de aftosa nos dois estados, que levaram a UE a suspender as importações da carne do Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Os técnicos europeus devem encerrar seus trabalhos no Brasil dia três de fevereiro próximo.

Argentina já compra carne suína

O Ministério da Agricultura informou que os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul já podem retomar as exportações de carne suína para a Argentina, suspensas desde a notificação de suspeita da ocorrência de focos de aftosa nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná. A informação é do diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge Caetano Júnior.

Ele explicou que numa reunião, realizada em dezembro último, com técnicos do Senasa (Serviço Nacional de Segurança Agroalimentar da Argentina) a Argentina aprovou os certificados sanitários para as vendas do produto procedente desses estados.

Os importadores argentinos já podem solicitar ao Senasa as autorizações de importação condicionadas ao cumprimento dos certificados aprovados pelos dois países.

Caetano lembra que o acordo deve tranqüilizar produtores e exportadores gaúchos e catarinenses já que a Argentina é um importante mercado para o produto brasileiro.

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