Para Miguel Jorge, o pânico pode causar problemas à economia

O ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse nesta quinta-feira (4), em discurso na Conferência da Associação Mundial de Agências de Promoção de Investimentos (Waipa, na sigla em inglês), que o “pânico é que pode causar problemas para a economia brasileira”. Ele afirmou que existe “certo pânico não só entre as pessoas comuns, mas também entre os empresários”.

Em entrevista que se seguiu ao discurso, Miguel Jorge disse que há pânico nos Estados Unidos. Diante da observação dos jornalistas de que, no discurso, falara que o pânico poderia afetar a economia brasileira, o ministro não contestou, mas disse que falava “em sentido geral”. Ele explicou que as pessoas são movidas nas suas decisões econômicas pela sua confiança. “Não há compra se não há confiança”, disse.

Montadoras

Miguel Jorge lembrou que o governo tomou medidas contra a crise e está tomando outras. Ele relatou que tem se reunido com empresários e que “os números não são bons”, mas poderiam ser piores. Ele citou como exemplo que a indústria automobilística vinha crescendo a um ritmo de 25% em relação ao ano anterior e prevê para o ano que vem um crescimento de 10%. “Será o maior crescimento do mundo. É muito grande, muito expressivo”, diz o ministro. Ele afirmou ainda que o ritmo de 25% de expansão era insustentável.

Ainda sobre o setor, Miguel Jorge disse que “as montadoras estão confirmando todos os investimentos, inclusive em novas fábricas”. Ele lembrou que a japonesa Toyota está investindo R$ 1 bilhão em uma fábrica em Sorocaba (SP) e a sul-coreana Hyundai também está investindo em uma unidade em Piracicaba (SP) um valor entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões.

Investimentos

No mesmo evento, o ministro comentou que os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no Brasil devem ser de aproximadamente US$ 36 bilhões, número já obtido nos meses acumulados até outubro deste ano. Segundo o ministro, novembro e dezembro são meses em que normalmente não se faz muito investimento estrangeiro direto.

Ele comentou que seria um chute dar uma previsão no ano que vem. O ministro lembrou que o investidor estrangeiro é bem-vindo e que a economia brasileira não será tão afetada pela crise internacional quanto outros países. Também comentou que todos os investimentos em infra-estrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão mantidos.

Vale

O ministro disse não acreditar que a demissão de 1,3 mil funcionários da Vale, anunciado na quarta-feira (3), seja um sinal de que outras empresas vão fazer o mesmo. Ele comentou que esse número de demissões não se refere só ao Brasil, mas também a unidades da Vale no exterior.

De acordo com o ministro, há indústrias que estão dando férias coletivas que estavam trabalhando em três turnos. Além das demissões, a Vale colocou 5,5 mil funcionários em férias coletivas.