economia

Para empresariado, discurso de Guedes foi ‘música para os ouvidos’

O discurso de posse do novo ministro da Economia, Paulo Guedes, prometendo controle rígido das despesas e reforma da Previdência animou os investimentos, mas motivou aviso de uma das categorias de que entrar em confronto com o funcionalismo “não é uma boa estratégia” a ser adotada.

Além da promessa de acelerar o ajuste, o que mais empolgou na fala de Guedes foi a diretriz dada de reduzir o tamanho do Estado e o peso dos impostos. O que se espera agora é que o governo Bolsonaro e o Congresso apoiem as diretrizes de Guedes e aproveitem o capital político pós-eleição para avançar com o Plano Guedes.

“Guedes colocou as coisas que são as necessidades do Brasil. São fáceis de fazer? Não são. Se fossem, já teriam sido feitas”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. Segundo ele, Guedes tem de levar rapidamente as medidas adiante porque o capital político de início de mandato se esgota em pouco tempo.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifar), Vicente Abate, disse que agradou a declaração de Guedes na direção de uma carga tributária de 20% do Produto Interno Bruto (PIB).

O presidente do grupo Votorantim, João Miranda, afirmou que Guedes foi preciso no diagnóstico, assertivo nas soluções propostas e corajoso no chamamento à responsabilidade dos três Poderes com respeito às necessárias reformas. “No improvável cenário de não aprovação da reforma da Previdência, o ministro foi de uma clareza avassaladora: caberá ao Congresso avaliar esse dilema real em profundidade”, disse.

Na avaliação de Eduardo Fischer, copresidente da construtora MRV, o discurso de Guedes atende aos anseios do empresariado. “Tudo o que ele falou era exatamente o que eu queria ouvir.”

O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, avaliou que o discurso reflete os anseios da sociedade. “A população está preocupada com o desemprego, com a desigualdade social e com o fim da crise institucional.” Para ele, as reformas anunciadas pelo ministro (administrativa, fiscal e tributária, previdenciária e patrimonial) são essenciais para devolver a competitividade da economia brasileira. “Precisamos de agilidade; ninguém aguenta mais seis anos de crise.”

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, vários pontos citados por Guedes soaram como “música para os ouvidos do empresariado”. Ele cita, por exemplo, a proposta de simplificação da cobrança de tributos e medidas de redução de custos para dar maior competitividade às indústrias.

Apesar do entusiasmo do empresariado, o representante de uma das categorias que entraram na mira de Guedes por receber as “maiores aposentadorias”, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), afirmou que entrar em confronto com as categorias não é uma boa estratégia a ser adotada pelo ministro da Economia. “Todos sabemos que é necessário algum tipo de reforma da Previdência, não há por parte da Ajufe oposição à ideia de reforma. Mas é necessário que o debate seja feito de forma mais adequada e sem criar esse discurso dos privilegiados”, disse o presidente da Ajufe, Fernando Mendes.

Guedes afirmou na posse que o sistema previdenciário no Brasil é uma “fábrica de desigualdades” e que “quem legisla e julga tem as maiores aposentadorias, e a população, as menores”. Para Mendes, esse discurso “não está totalmente correto” porque servidores que ingressaram a partir de 2013 estão sujeitos ao teto do INSS, assim como os trabalhadores do setor privado.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna