Para Conab, safra será 1,3% maior este ano

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima um crescimento de 1,3% na safra nacional de grãos. Apesar da previsão para a região Sul do País ser de redução de 0,4%, para o Paraná o órgão prevê um crescimento de 4% na produção. Essa estimativa foi divulgada ontem, como resultado do Quarto Levantamento da Safra de Grãos. Enquanto a produção cresce, em relação à safra anterior, 2005/2006, a área total de grãos plantada para esta (2006/2007) diminui. No Brasil a variação registrada foi de – 4%, na região Sul – 4,6% e no Paraná foi ainda maior, – 5,8%.

Outra previsão positiva, divulgada pela Conab, é o aumento na produtividade dos grãos. Para o Brasil, estima-se um crescimento de 5,6% na produtividade, para a região Sul a variação seria de 4,4% e para o Paraná 10,5% a mais. A explicação que o presidente da Conab, Jacinto Ferreira, dá para essa ?revisão para cima,? ?é a recuperação da produtividade, beneficiada pelo clima favorável na fase inicial do plantio, principalmente na região Centro-Sul?.

A área total de grãos plantada no Paraná é de 8,2 milhões de hectares. A soja, seguida pelo milho (29%) e pelo trigo (9,75%), ocupa a maior área, mais de 47,5%. Segundo a previsão da Conab, no Estado, a soja é cultura que deve alcançar a maior alta na produção: 24,2% em relação à safra anterior. O superintendente da Conab no Paraná, Dionísio Bach, explica que assim como o milho , que tem previsão de aumento de 5% na produção, o que impulsiona esse aumento na safra da soja é o bom preço junto ao mercado internacional e clima, que continua favorável.

Sobre a alta na safra do feijão, 18,8% em relação à anterior, Bach explica que ?o governo tem apoiado a comercialização do produto e nos últimos meses a Conab inclusive proporcionou a alguns produtores a compra do feijão com preço mais alto que o praticado no mercado?. No entanto, ele alerta que o clima atual, ou melhor, a chuva constante, pode prejudicar a colheita, interferindo na qualidade e na quantidade da produção. Seguindo a tendência do País, a produção de trigo (-59,8%) e de arroz (-5,4%) também deve diminuir no Estado. Os preços não muitos favoráveis são, segundo o superintendente estadual da Conab, o principal fator que influencia nessa queda.

Brasil

A área total plantada no Brasil é de 45,3 milhões de hectares. De acordo com o levantamento, as culturas que se destacam em nível nacional são o algodão, que teve maior área plantada (20,8% em relação à safra anterior), cuja a previsão é de aumento de 27% na produção; o milho (7,2%), que foi plantado em área 0,4% maior; o feijão (4,3%), cuja área plantada também foi superior (2,7%); e a soja (2,7%), que apesar de poder produzir mais está plantada em área 7% menor que a da safra anterior. Quanto às previsões de queda, essas recaem sobre a produção nacional de arroz (-4%) e de trigo (-54,2%), que também tiveram área plantada menor, respectivamente 1% e 25,6%.

De acordo com o estudo da Conab, a queda na produção do arroz ?ocorreu em função da estiagem no principal estado produtor, Rio Grande do Sul, que deixou os mananciais insuficientes para a irrigação das lavouras na região?. Sobre o trigo, a redução foi ?impulsionada pelos baixos preços do produto e pelas condições climáticas adversas na época da implantação da cultura?.

Sobre o algodão, o órgão explica que o aumento está relacionado ?à melhora nos preços do produto no âmbito dos mercados interno e externo e ?às previsões favoráveis das condições climáticas, resultando em um quadro positivo de aumento da produção nacional?. Sobre a soja, o principal fator que alavanca a produção é o clima favorável e o aumento da produtividade.

Começa a colheita de nova safra recorde de soja

As colheitadeiras estão trabalhando a pleno nas lavouras de soja de Lucas do Rio Verde, um dos principais pólos brasileiros de plantio da cultura, distante 300 quilômetros de Cuiabá (MT). É a colheita da variedade precoce, que deve representar cerca de 40% do total da safra 2006/07 da oleaginosa no município, estimada em 600 mil toneladas pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja). A produção nacional deve chegar ao recorde de 54,9 milhões de toneladas, segundo dados divulgados ontem pelo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Jacinto Ferreira.

Com uma área plantada de soja de 200 mil hectares, Lucas do Rio Verde tem uma produtividade de 3 mil quilos por hectares, 345 quilos a mais do que a média brasileira prevista pela Conab para a safra 2006/07, de 2 mil e 645 quilos por hectare. Segundo a Aprosoja, os produtores do município devem encerrar a colheita de 240 mil toneladas da oleaginosa precoce ainda este mês. Em fevereiro, começa a da variedade convencional (ciclo normal), que deve chegar a 360 mil toneladas, totalizando 600 mil toneladas, de acordo com avaliações feitas recentemente por técnicos da entidade.

Os produtores de soja da região de Lucas de Rio Verde estão animados com as perspectivas da atual safra. Além do clima favorável e dos ganhos de produtividade, isso se deve à recuperação dos preços do produto: o valor da saca de 60 quilos já atingiu R$ 32 no mercado interno. A cotação está acima da média de R$ 25 para o período. ?As lavouras estão com um aspecto bom?, disse o presidente da Aprosoja, Rui Prado. ?Neste ano, a ferrugem asiática da soja, um dos grandes problemas das plantações na safra passada, está menos intensa. Por isso, acreditamos numa colheita melhor.?

As perspectivas para a sojicultura são boas em todas as regiões produtoras do País. Mesmo com a redução de 7% na área plantada, que caiu de 22,3 milhões de hectares em 2005/06 para 20,66 milhões de hectares em 2006/07, a produção deve crescer 2,7% em relação ao período anterior, de 53,4 milhões de toneladas. ?Essa é uma estimativa conservadora?, destacou o presidente da Conab, admitindo que o volume pode ser maior. De acordo com Ferreira, a queda da área cultivada foi provocada por decisão dos agricultores. ?Eles optaram por plantar somente nas áreas mais produtivas, onde o rendimento é melhor.?

Do total da produção de soja em grãos, o Brasil deve consumir cerca de 30 milhões de toneladas e exportar 24,9 milhões de toneladas. O consumo nacional de óleo de soja, informou Jacinto, baseado nos números do quarto levantamento da safra 2006/07, é estimado em 3,2 milhões de toneladas, e o volume exportado, em 2,2 milhões de toneladas. O mercado interno também deverá absorver 9,1 milhões de toneladas de farelo de soja. Outras 12,5 milhões de toneladas serão embarcadas para o exterior.

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