País precisará crescer pelo menos 4% ao ano

São Paulo (AE) – O Brasil precisa crescer pelo menos 4% ao ano só para absorver tanto os desempregados da indústria quanto o 1,6 milhão de jovens que entram por ano no mercado de trabalho. “A questão-chave do desemprego é o crescimento econômico.

Enquanto crescermos apenas 1,5% ao ano, como foi em 2001, não será possível criar postos de trabalho na quantidade necessária”, afirma o economista da Siemens e presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet), Antonio Corrêa de Lacerda. Na avaliação de Eduardo Gianetti da Fonseca, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), o caminho para taxas maiores de crescimento por um período prolongado é a formação de recursos físicos e humanos que permitam a expansão continuada da capacidade do País de produzir e, assim, demandar mão-de-obra crescentemente. Para atingir esse ponto, porém, é necessário formar capital (equipamentos, edificações, mão-de-obra qualificada, aumento de estoques), que por sua vez é resultado de investimentos.

Embora a carga tributária tenha atingido seu ponto mais elevado nos últimos anos, com a cobrança de 34% do Produto Interno Bruto (PIB) em impostos e contribuições pela União, Estados e municípios, um fator de comprometimento da competitividade dos produtos brasileiros, Fonseca ressalta que o País sofre um déficit nominal (gastos totais do governo acima da arrecadação) entre 4% e 5% do PIB.

Segundo ele: de 1988 até hoje, a receita disponível de municípios do Brasil aumentou 133% em termos reais, passando de 2,4% para 5,6% do PIB; nos Estados, a receita disponível subiu de 43% em termos reais, de 6% para 8,6% do PIB. “A contrapartida seria a redução proporcional da receita da União. Só que a União aumentou sua receita disponível em 36% em termos reais, ampliando de 14% do PIB para 19% do PIB”, relata, reforçando a tese que a ampliação de disponibilidade de recursos não resultou em ampliação de capacidade de investimento do Estado.

Além dessas distorções, o professor afirma que a decomposição dos gastos públicos indica para uma conta de 8% a 9% do PIB para pagamento de juros; e outra em torno de 6% do PIB para a quitação do déficit previdenciário, incluindo aí INSS e previdência do setor público.

Juros

Buscar financiamento externo, nesse quadro, tem custo, diz Fonseca. E é aí que se barra o problema dos juros, motivo de queixa eterna de empresários como o presidente do Grupo Votorantim, Antonio Ermírio de Moraes.

“O País deveria alargar a faixa de juros para os tomadores de empréstimos. Mas antes disto precisa reduzir os juros. Os banqueiros ficam bravos comigo, mas com uma inflação de 6% ao ano, cobrar 12% de juros ao mês para cartão e cheque especial, que me desculpem, mas é um absurdo”, afirma.

Ao mesmo tempo, o crescimento econômico sustentado poderá, conforme indica levantamentos feitos pela Fundação Seade e pelo Dieese, reverter a curva descendente do rendimento médio anual recebido pelos trabalhadores. Segundo os dois órgãos, o rendimento médio de um trabalhador da região metropolitana de São Paulo caiu de R$ 1.127, em 1995, para R$ 880, em 2001.

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