País não precisa de novo acordo com FMI

São Paulo (AE) – O ex-diretor do Banco Central e atual diretor-executivo do Banco Itaú, Sérgio Werlang, afirmou que o Brasil não precisa renovar o acordo com o Fundo Monetário Internacional, que será encerrado em março. "Não há necessidade de prolongá-lo, pois o País tem reservas cambiais suficientes. Os recursos do Fundo precisam ser devolvidos e por isso não podem ser computados como reservas líquidas", comentou. "Além disso, o Brasil pode hoje captar no mercado financeiro empréstimos de três anos com taxa de juros semelhante a que paga ao FMI, próxima a 2,5% ao ano."

Na avaliação de Werlang, o Banco Central fechou 2004 com US$ 28 bilhões de reservas cambiais líquidas. Os recursos para ele são relativamente confortáveis, pois baseia seu raciocínio num estudo produzido pelo FMI há dois anos, segundo o qual, países emergentes com o perfil semelhante ao do Brasil precisam de um volume de reservas entre US$ 30 bilhões e US$ 35 bilhões.

"De acordo com este parâmetro, precisaríamos, na pior das hipóteses, de US$ 7 bilhões para colocarmos nossas reservas num nível bem adequado", comentou. "Como o governo vem se posicionando de uma forma ativa sobre este tema, acredito que em pouco tempo chegaremos a este patamar desejado." Werlang lembrou que só em dezembro, o governo aumentou em US$ 2,7 bilhões o volume de reservas líquidas.

Para o ex-diretor do BC, o governo deveria aproveitar a boa forma da economia e a cotação atraente do câmbio para realizar neste ano tal aumento de reservas. "As compras de dólar precisam ser feitas nos momentos mais favoráveis, para que sejam aproveitadas as boas oportunidades, o que o Banco Central e o Tesouro vêm fazendo", comentou. "Acho que estamos num bom caminho."

Na avaliação de Sérgio Werlang, o câmbio próximo a R$ 2,70 não representa elevadas perdas de competitividade para as exportações brasileiras, como apontam alguns especialistas, entre eles o ex-diretor do BC, Emílio Garófalo. "No nível atual da cotação do real frente ao dólar, deveremos registrar um superávit comercial entre US$ 25 bilhões e US$ 26 bilhões neste ano", afirmou. "Vamos também obter um saldo positivo de contas correntes de US$ 3 bilhões."

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