País está forte para passar por turbulências

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse ontem que o Brasil está em uma posição muito melhor do que a do passado para passar por turbulências econômicas internacionais. ?O Brasil hoje tem muito mais força para passar por situações deste tipo?, afirmou, após participar de seminário do BC sobre Acesso ao Sistema Financeiro Nacional, realizado no auditório da Ordem dos Economistas do Brasil, em São Paulo.

 Ele deu como exemplos de melhoria da economia brasileira nos últimos anos o aumento das reservas, acima de US$ 100 bilhões, os saldos comerciais elevados, a mudança do perfil da dívida, com o fim da indexação cambial, e a inflação na meta. ?O Brasil tem que olhar com bastante atenção para esta questão. Mas sem a preocupação que têm os países mais vulneráveis?, comentou.

Meirelles disse ainda que é cedo para avaliar se a crise externa é pontual e que é preciso aguardar novos dados da economia norte-americana. Ele disse ainda que ?de certa forma? esta crise é saudável para a economia de todo o mundo. ?Vamos ver se esta crise vai se espalhar ou contaminar outros mercados. Até agora, isso não tem acontecido e a crise de certa forma é até saudável ?.

Bevilaqua

Ele negou que a substituição do diretor de Política Econômica da instituição, Afonso Bevilaqua, seja o início de um processo de mudanças dos membros da diretoria do BC. ?Não há esse fenômeno de ?gatilho? no BC?, afirmou, após ser questionado sobre se a saída de Bevilaqua poderia engatilhar uma série de substituições na diretoria da instituição.

Segundo Meirelles, Bevilaqua é um dos diretores mais antigos do BC, onde está há quase quatro anos, sendo também o que ficou por mais tempo na diretoria desde a implementação do regime de metas de inflação. ?Portanto, sua saída é um processo absolutamente normal. Ele está no momento de procurar novos desafios profissionais e ficar mais tempo perto da família, que não mora em Brasília?, explicou Meirelles.

Ele voltou a dizer que, sob sua gestão, nove diretores já foram substituídos no Banco Central. ?É um processo saudável e que mostra o dinamismo da instituição?, observou.

O presidente do BC negou, também, que a diretoria de Assuntos Especiais da instituição será eliminada ou fundida com alguma outra diretoria. Segundo ele, por não ter funções executivas, a diretoria sempre foi usada para preenchimento transitório em que diretores que posteriormente assumiram outras diretorias passaram por períodos de estudos especiais.

?É o caso do diretor Alexandre Tombini, que ocupou essa diretoria durante um certo período antes de assumir a área econômica, e do próprio Afonso Bevilaqua, que a ocupou enquanto fazia processo de transição com o então diretor Ilan Goldfajn?.

Meirelles destacou que a indicação de Mário Mesquita para o lugar de Bevilaqua não pode ser encarada como algo interino ou definitivo. ?O diretor de Política Econômica hoje é Mário Mesquita. E tal qual o diretor de normas, Alexandre Tombini, presente a este evento, todos os diretores estão sujeitos a serem demitidos, mudados ou pedirem demissão a qualquer momento? afirmou.

?O importante é que ele está perfeitamente qualificado para a posição. E em sendo confirmado na presidência do BC, eu convidarei os demais diretores para permanecerem, inclusive o diretor Mário Mesquita?, disse Meirelles. Mas isto, afirmou, só será confirmado ?quando e se o presidente da República me convidar para continuar no BC?, ressaltou.

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