Pacote é importante, mas faltam medidas

A previsão do governo federal é que o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) traga, além do crescimento econômico, mais emprego, melhores condições de vida e faça crescer os investimentos. No Paraná, economistas e representantes da indústria consideram o pacote anunciado ontem importante, mas ainda falho. Apenas o setor do comércio vê o programa com um pouco de otimismo.

O economista Kanitar Cordeiro, do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), considera este um passo imprescindível para o País. Porém, diz existir respostas que o governo não deu ao anunciar as medidas. ?Do ponto de vista geral, o que dá para perceber é que o governo está saindo da inércia e buscando abrir espaço para o crescimento econômico. O governo está sinalizando onde e quanto vai investir. Esses sinais vão permitir ao empresário avaliar se vai investir ou não?, afirma.

Em uma avaliação bastante realista, uma das questões levantadas por Cordeiro é quanto à credibilidade do governo. ?Na minha avaliação o governo não está preparado para dar resposta a toda essa intenção. Haverão pontos de estrangulamentos, que poderão frustrar o programa?, diz. O economista ainda considera que falta mão-de-obra especializada para fazer as coisas acontecerem. ?Falta técnicos de primeiro e segundo escalão de governo. Essas pessoas capacitadas vêm sendo gradualmente afastadas do governo, o que torna ainda mais difícil?, comenta. Outras questões que ele aponta como difíceis são o total de recursos previstos – que considera ?praticamente impossível juntar R$504 bilhões em quatro anos? – e alcançar a meta prevista de crescimento. ?Não será possível crescer 5% ao ano, a partir de 2008, por falta de recurso?, conclui.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, considera o PAC insuficiente quanto à criação de um ambiente de estímulo à competitividade industrial e a política macroeconômica para isso. ?Apesar de temas relevantes estarem sendo abordados, na área de investimentos o pacote ainda está restrito a setores como a construção civil e a informática. Porém, deveriam também ter sido contemplados no PAC a questão cambial e como estratégia de desenvolvimento tecnológico, o setor de bens de capital, por exemplo?, avalia.

Otimismo

O vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), César Gonçalves, considera que – apesar de ainda faltarem ações, principalmente quanto à reforma tributária e trabalhista – as medidas do PAC fazem com que ?todas as engrenagens que estavam enferrujadas pelo tempo voltem a funcionar?. ?O mais importante é que as ações previstas pelo programa fazem retornar a confiabilidade dos empreendedores, o que faz crescer o País e o Paraná?, comenta. Segundo ele, um dos ?sinais positivos de mudança na economia do Estado, pelo menos a longo prazo, vêm com a proposta do programa de melhorar o Porto de Paranaguá?.

Também presidente do Sindicato das Empresas de Material de Construção do Estado, Gonçalves diz que o impacto das medidas no setor da construção civil do Paraná será grande. ?Benefícios diretos para o setor virão com a diminuição dos impostos, com a Lei das Micro-empresas. Muitas empresas sairão da informalidade, o que vai gerar mais empregos. O setor da construção civil estando otimizado, de uma forma ou de outra as empresas, vai gerar mais empregos, abrir novas filiais, etc. Só no Paraná são dez mil lojas de material de construção esperando os benefícios?, completa.

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