PAC não muda quadro energético do Paraná

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, não terá nenhum impacto sobre o setor energético do Paraná. A constatação é do consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Frederico Reichmann Neto. Segundo ele, no programa estão contemplados cinco projetos do setor energético do Estado, dos quais quatro no Rio Tibagi e um no Rio Iguaçu. A Usina Hidrelétrica de Mauá, no Tibagi, já tinha sido licitada no último leilão da Aneel sendo concedida para o Consórcio Cruzeiro do Sul formado com 51% de capital da Copel e 49% da Eletrosul. Assim, com ou sem o PAC, o agente concedente já havia assumido compromissos com a Aneel.

Segundo Reichmann, os outros três empreendimentos do Rio Tibagi só poderão ser viabilizados a partir do Estudo de Avaliação Integrada da Bacia Hidrográfica, uma imposição do Ministério Público Federal, por se tratar de empreendimentos que podem impactar reservas indígenas e também por contestação judicial por parte do Consórcio Para Proteção Ambiental da Bacia do Rio Tibagi – Copati. O projeto do Rio Iguaçu encontra-se em situação semelhante por estar localizado muito próximo ao Parque Nacional.

De acordo com o consultor da Fiep, o mais estranho é que os projetos localizados no Rio Chopin, classificados como de baixo impacto ambiental, não tenham sido contemplados no PAC. Com relação aos projetos de transmissão de energia elétrica, o Paraná só foi contemplado com pequenas interligações da rede básica que já tinham sido licitadas e se não estavam em fase de construção, estavam com os projetos básicos em conclusão prestes a serem iniciados.

?Desta forma, para o setor elétrico o PAC não trouxe absolutamente nada de novo?, observa Reichmann. Com relação ao suprimento de gás natural para a região Sul, o PAC deveria prever um terminal de regaseificação de GNL como opção de suprimento da Bolívia. Informações recentes dão conta de que a Petrobras deve construir um terminal em São Francisco do Sul (SC).

Com relação ao petróleo, o Paraná foi contemplado com a ampliação e modernização da Repar, projeto que já tinha sido anunciado pela Petrobras alguns meses antes do PAC. Sobre energéticos alternativos, o programa do HBio na Repar já estava previsto. ?De inédito ficou somente o álcoolduto Cuiabá – Repar Paranaguá?, informa. Reichmann estranha também que o PAC não faça nenhuma referência a programas de eficiência energética e conservação de energia.

Reservatórios cheios mantêm preço da energia estável

Rio (AE) – Os preços de energia elétrica no mercado atacadista permaneceram em R$ 17,59 por MW/h nos quatro sub-mercados (Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Nordeste), conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). É a quinta semana consecutiva em que os preços permanecem no patamar mínimo fixado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para o mercado atacadista, refletindo a grande quantidade de água nos reservatórios das grandes hidrelétricas.

O mês de janeiro foi um dos períodos com maior volume de chuvas já registrado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o que garantiu o enchimento dos reservatórios ainda no início do período molhado.

Segundo o ONS, os reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste estavam ontem em torno de 82,6% da capacidade máxima de armazenamento, com o equivalente a 153.986 MWmês. Em anos ?normais?, em que as chuvas permanecem na média histórica de longo prazo (74 anos), isso só ocorre em março/abril, o que indica que o atual período será um dos mais favoráveis ao sistema elétrico brasileiro. ?Este ano e o próximo já estão garantidos. Se tivermos problemas de oferta de energia hidráulica, será somente a partir de 2009?, observou um técnico do setor.

Com isso, a tendência é de que os preços no mercado atacadista permaneçam no patamar mínimo ao longo de todo o ano, beneficiando principalmente as empresas que migraram para o mercado livre de energia.

Pelos dados do ONS, as chuvas em fevereiro no Sudeste continuam em ritmo tão intenso quanto as registradas em janeiro. Até ontem, o volume de chuvas em fevereiro estava 83% acima da média histórica. Como quase todos os reservatórios já estão cheios, as hidrelétricas armazenaram apenas uma parte da água que caiu, vertendo o restante. A hidrelétrica de Itaipu, a maior usina brasileira e que fica no final da cascata, liberou ontem o equivalente a 11.279 metros cúbicos de água por segundo, sem a geração de energia. Se a usina pudesse aproveitar essa água, seria possível gerar de 4.000 a 5.000 MW médios adicionais, o que representa a metade do consumo da região Sul.

As chuvas no Sul, ao contrário do Sudeste, continuam abaixo da média histórica.

O Nordeste, tradicionalmente a região mais problemática em termos de suprimento de água, tem registrado um ano bastante ?molhado?. Até ontem, as chuvas em fevereiro estavam em torno de 25% acima da média histórica e os reservatórios estavam em 80,2% da capacidade máxima de armazenamento.

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