Feira Livre

Operação da PF apura desvio de recursos de programa da Conab

A Polícia Federal (PF) de Guarapuava deflagrou nesta sexta-feira a Operação Feira Livre, que apura irregularidades e desvio de recursos públicos repassados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) através do Programa Compra Direta da Agricultura Familiar com Doação Simultânea à Associação dos Produtores de Leite de Foz do Jordão, no sudoeste do Paraná.

Com a participação de 22 agentes de Guarapuava, dois da PF de Ponta Grossa e quatro da superintendência da PF em Curitiba, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão e quatro de prisão temporária. Estão presos um vereador e três servidores da prefeitura de Foz do Jordão, município próximo de Guarapuava, cujos nomes não podem ser divulgados porque a investigação acontece sob segredo de Justiça.

Segundo o delegado-chefe da PF de Guarapuava, Maurício de Brito Todeschini, os mandados expedidos pela Justiça Federal do município foram cumpridos na Secretaria de Agricultura de Foz do Jordão e na gerência de operações da Conab em Curitiba. “A suspeita é que os recursos da Conab destinados à Associação dos Produtores de Leite de Foz do Jordão eram desviados para o vereador e os servidores da prefeitura”, comenta. A PF acredita que um servidor da Conab esteja envolvido no desvio. Nas buscas foram apreendidos documentos e HDs de computadores que serão analisados pela perícia para fazerem parte do inquérito policial que tramita na Delegacia de PF de Guarapuava.

O delegado informou que a investigação começou em agosto, quando os repasses foram suspensos pela Conab por suspeita de irregularidades que aconteceram em 2010 e 2011. “A denúncia foi feita por produtores rurais. Eles reclamaram que os recursos não chegavam para eles integralmente”, relata. De acordo com Todeschini, foram verificadas outras irregularidades, como produtores que recebiam sem estar cadastrados no programa.

Embora o programa da Conab seja nacional, as irregularidades foram detectadas especificamente no município de Foz do Jordão. “Não temos ideia do valor do desvio”, afirma o delegado, destacando que cerca de 50 produtores foram prejudicados. “Alguns tiveram metade desviado, outros tudo. Há um caso de pagamento de 100 quilos de polpa de laranja, mas o produtor só entregava 30”, cita.

Todeschini acredita que mais pessoas estejam envolvidos nos crimes e serão chamadas para prestar depoimento nos próximos dias. A operação indiciou outras pessoas, além dos quatro presos, pelos crimes de formação de quadrilha ou bando, falsidade ideológica, peculato-apropriação, emprego irregular de verbas públicas, favorecimento pessoal e prevaricação.