Novo fôlego para as indústrias de pneus remoldados

A disputa que envolve as indústrias de pneus remoldados, de um lado, e as multinacionais que fabricam pneus novos, do outro, ganhou novo capítulo. Em audiência pública realizada ontem na Câmara de Deputados, em Brasília, parlamentares e representantes dos dois segmentos puderam argumentar contra ou a favor da importação de pneus usados, proibida no País e objeto de impasse jurídico.  

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pneus Remoldados (Abip), Francisco Simeão, dono da BS Colway, em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba), ficou satisfeito com o resultado da audiência pública. ?Foi espetacular, a melhor audiência pública nesses 16 anos de litígio?, afirmou. Segundo Simeão, o ministro do Trabalho Carlos Lupi chamou para si a responsabilidade de colocar fim ao impasse. ?O ministro tranqüilizou os trabalhadores presentes na audiência, tanto representantes dos 500 demitidos como trabalhadores que correm o mesmo risco?, afirmou Simeão. O setor estima que cerca de 10 mil trabalhadores possam ser demitidos, caso a proibição de importar pneus usados se mantenha.

De acordo com Simeão, uma nova reunião foi marcada para o dia 29 de agosto no gabinete do ministro com representantes da Abip, ABR (Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus) e Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), que representa a indústria de pneus novos. Na ocasião, as três entidades deverão apresentar propostas para colocar fim ao impasse.

?Nossa proposta é que a ABR e a Abip, com auditoria do Ministério Público, fiquem incumbidas de fiscalizar as cotas de importação de pneus. Depois de um ano, o importador terá que provar através de notas o quanto comprou de pneus usados, quanto vendeu, para onde foi a diferença e o que há no estoque?, explicou Simeão. Com esta medida, a idéia é impedir que pneus importados usados sejam vendidos como ?meia-vida? no Brasil. ?No ano passado, dos 7,2 milhões de pneus importados, aproximadamente 1,1 milhão foram vendidos como ?meia-vida?. Com este litígio, há quem coloque no contrato que são reformadoras e não são?, denunciou.

Caso a tentativa de solucionar o problema não dê certo, o parque industrial brasileiro de pneus remoldados deve seguir para o Paraguai. ?Se tudo isso não der certo, não teremos outra opção senão demitir os outros 500 funcionários, fechar a fábrica em Piraquara e acabar com os programas sociais?, apontou Simeão. Desde o início do ano, a BS Colway demitiu 500 funcionários e reduziu a produção mensal de 200 mil pneus para 100 mil. 

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