Nova vila agroecológica vai beneficiar 200 famílias

Foi inaugurado no último domingo, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a Vila de Processamento Agroecológico. Com investimentos na ordem de R$ 4 milhões, a vila está instalada em uma área de 33 mil metros quadrados e conta com sete unidades de produção: vinícola, laticínio, casa vegetal, casa de mel, abatedouro de peixes, abatedouro de aves, abatedouro de ovinos e sala de embutidos suínos, além de um espaço para venda dos produtos e para o escritório para administrar o local.

A medida, que deve beneficiar 200 famílias, agradou os produtores rurais do município, pois com esta obra eles poderão deixar a clandestinidade e poderão passar a ofertar seus produtos em mercados, que passarão a ter selo de qualidade sanitária e licença ambiental.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Agricultura e Turismo de Piraquara, Gilmar Zachi Clavisso, a obra supre as necessidades do produtor do município, uma vez que, por estar em uma área de mananciais, é impedido de possuir agroindústrias que gerem efluentes líquidos. “Devido a Lei 12.248/98, que trata sobre o uso e a ocupação do solo dos mananciais da RMC, há um rigor quanto a instalação destas agroindústrias. Isso impedia que nossos agricultores pudessem se profissionalizar ou mesmo aumentar a produção, obrigando-os a vender seus produtos apenas em suas propriedades”, informa.

A saída encontrada para esse problema foi a construção de um espaço que obedecesse todas as leis ambientais. Dessa maneira, os produtores poderão se profissionalizar. “A construção desse espaço veio como uma medida compensatória por parte da Sanepar, quando esta construiu a barragem Piraquara II e muitos agricultores tiveram que deixar suas propriedades. Do início das conversas até a construção do local, foram mais ou menos oito anos. Felizmente, tudo deu certo e agora a vila está pronta para abrigar os produtores e gerar desenvolvimento para a cidade”, avalia Clavisso.

O secretário garante que o espaço atende todas as exigências ambientais para o seu funcionamento. “Seguimos à risca a determinação orientada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Todo o líquido gerado aqui, como leite e o sangue, serão depositados em uma área de modo que não vá poluir os mananciais”, conta.

O secretário admite que não será fácil administrar o local e que eles vão precisar de ajuda para lidar com essa ideia. “Eles vão ter que correr atrás de apoio das autoridades públicas para entender bem o funcionamento do local, para lidar com a tecnologia dos maquinários, assistência técnica para lidar com os produtos, etc. Entretanto, confio neles e acredito que obterão êxito nessa nova fase”, opina.

Espaço pode ser utilizado por outros interessados

O local abrange sete unidades de produção agroecológica da região.

Para o produtor rural e presidente da Associação de Produtores Agroecológicos e Empreendedores de Turismo de Piraquara (Trento Transforma), Hugo Andrioli, o espaço poderá ser utilizado não apenas pela associação como para outros produtores interessados em sair do anonimato e comercializar a produção.

“Esse local representa para gente uma nova realidade. Se cada um fosse fazer algo semelhante em sua propriedade, o custo ficaria inviável. Agora ficou mais fácil de produzir e também para vender, pois teremos um espaço aqui na vila que vai cuidar dessa parte, além é claro do fato de que poderemos colocar os produtos no mercado”, salienta.

Ele diz também de quanto será a produção realizada na vila. “Estamos com uma expectativa muito boa. Nossa meta é de 10 tonela,das de mel/ano, 20 toneladas de pescado/ano, 20 mil cabeças de aves/ano, o abatedouro de ovinos, caprinos e suínos deve atingir mil cabeças/ano, a vinícola a produção deve ser de 60 mil litros/ano, a parte de laticínios estimamos em cinco mil litros/dia e 100 toneladas/ano de vegetais.

Acredito que o espaço pode gerara uma renda bruta de R$ 4 milhões por ano”, afirma. O presidente não disfarça a alegria em ver que o espaço está construído e pronto para usar. “Valeu a pena a gente se mobilizar. A sensação é indiscritível, como se fosse um sonho realizado. Além de aumentar a produção e sair da obscuridade, poderemos transferir ao nosso produto um valor agregado maior e conseguir um pouco mais de lucro. Claro que agora teremos um grande desafio pela frente em administrar, lidar com os trâmites burocráticos, entre outros, mas estou animado com esse novo desafio”, enfatiza.

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