Nova decisão do Copom não deve ser unânime

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa básica de juros, a ser anunciada na próxima quarta-feira, não deverá ser unânime, o que deve ocorrer pelo segundo mês consecutivo. A aposta é do economista-chefe da consultoria Global Station, Marcelo de Ávila.

Em janeiro, a manutenção da taxa em 16,5% ao ano não foi consensual: um dos nove membros da diretoria do BC votou contra. No mercado, especula-se que o diretor de assuntos internacionais Alexandre Schwartsman, ex-economista do Unibanco, teria defendido um corte da taxa, como esperava boa parte do mercado.

Na opinião do economista da Global Station, as primeiras prévias dos índices de inflação de fevereiro – divulgados nas últimas semanas – reforçam os argumentos do membro do Copom dissidente na reunião de janeiro.

Para Ávila, o BC se mostrará perdido se cortar a taxa na próxima quarta, visto que na ata da reunião passada adotou um discurso muito conservador sobre os riscos que rondam a inflação.

“Um corte na próxima semana vai quebrar novamente as expectativas do mercado e mostrará que o Copom usa um horizonte de curto prazo nas suas decisões sobre a política monetária”, diz Ávila.

Previsão otimista

O ministro Antônio Palocci Filho (Fazenda) previu que a taxa básica de juros (Selic) chega ao fim de 2004 entre 11% e 12% ao ano, segundo o deputado Chico Alencar (RJ). Hoje, está em 16,5% ao ano.

A previsão – otimista – do ministro, foi feita num encontro festivo do PT, no qual o presidente Lula deu dois recados duros. Ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (SP), disse que não deveria ter criticado publicamente o secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Depois, foi irônico: chamou de “coesa” a bancada que se dividiu em 2003 em relação às propostas do governo.

O segundo recado foi dado no discurso do novo líder da bancada do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP). “O presidente pode contar com a bancada do PT para caminhar em direção ao nosso sonho…”, dizia Chinaglia, quando Lula completou: “[Bancada] Coesa”.

Muitos deputados reclamaram ao ministro da Fazenda do corte de emendas parlamentares. Palocci prometeu liberações e tentou agradar aos que combatem a política econômica ao prever a taxa básica de juros.

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