Motoboys poderão usar gás natural

Um equipamento desenvolvido na Argentina e apresentado por uma missão daquele país no Paraná poderá revolucionar a vida dos motoboys. É o Ecopos, que permite o uso do gás natural veicular (GNV) como combustível alternativo em motocicletas. Bem mais barato que a gasolina, o gás poderá ser distribuído no Paraná pela Compagas, empresa controlada pela Copel.

Tito Mori, presidente do Sindicato dos Trabalhadores com Motos e Similares da Grande Curitiba, que reúne 15.000 associados, diz que a vida dos motoqueiros vai mudar totalmente se for regulamentado no Brasil o uso do Ecopos. O equipamento foi mostrado em Curitiba esta semana por uma das 20 empresas argentinas que participaram da missão empresarial no Paraná.

A afirmação de Mori foi feita durante reunião com Luciano Iezzi, diretor da empresa argentina Gometal. Na ocasião, o sindicato se comprometeu a fazer gestões junto ao Ministério do Trabalho para permitir o uso do gás em motos.

Os motoboys que fizerem a conversão passarão a gastar em torno de R$ 1,00 por 50 quilômetros rodados, ou R$ 4,00 por 200 quilômetros, contra o gasto atual de gasolina – R$ 3,50 e R$ 14,00 para as mesmas distâncias, explicou o empresário argentino.

?Não vemos a hora em que isso seja possível, pois temos conhecimento que o Detran apreendeu motos de profissionais que fizeram a conversão mesmo sem autorização por não agüentarem mais o atual custo de combustível?, revela o presidente do sindicato.

Na área da conversão de veículos a gasolina para gás, mais uma empresa, a AIR GNC, apresentou um equipamento eletrônico que controla o uso do gás em automóveis, reduzindo gastos com mão-de-obra e peças de regulagem, permitindo a passagem automática de um sistema a outro.

Intercâmbio

A missão empresarial argentina foi organizada no Paraná pela Secretaria da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul (SEIM) com apoio de diversas instituições, e, na Argentina, pela Aiera (Associação de Importadores e Exportadores).

Enquanto negociações comerciais foram feitas por setores tão diversos quanto vinhos, alimentos, equipamentos de saúde, na área do gás as inovações vão exigir mais que os trâmites normais de exportação e importação. Vão exigir até mesmo a criação de uma nova legislação.

Compagas

Na agenda organizada em conjunto com o Consulado da Argentina, as empresas de conversão a gás visitaram oficinas, sindicatos, tiveram reuniões na Compagás (Companhia Paranaense de Gás), e no Ipem (Instituto de Pesos e Medidas).

Durante reunião com o diretor técnico, Gilmar Antônio Scopel, e com o chefe de gabinete do Ipem, Hélio Junqueira, ficou definida uma nova reunião em Curitiba, para o dia 25 deste mês, quando estará presente um funcionário do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia e Normalização da Qualidade Industrial) e para a qual será convidado Marcelo Almeida, diretor do Detran.

Adaptação

O kit Ecopos, totalmente regulamentado na Argentina, e vendido no Chile, Uruguai e Paraguai, é fixado com parafusos, garante o equilíbrio original das motos e permite aos proprietários retirar o equipamento e retornar ao original de gasolina, em caso de venda.

Enquanto a AIR GNC precisará obter certificação junto a uma das empresas credenciadas pelo Inmetro e seguir a legislação de importação e exportação para entrar no mercado, a Ecopos vai depender da criação de uma legislação própria e de normas brasileiras para a conversão de motos, que ainda não existem no Brasil.

PR possui rede de distribuição de gás de 500 km

Rubens de Camargo Penteado, diretor-presidente da Compagas ressaltou que estabelecer negócios nesta área com a Argentina vai garantir um aumento no consumo de gás natural aos paranaenses.

O Paraná possui uma rede de distribuição de gás de 500 quilômetros de extensão que atende a Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, Campo Largo, Balsa Nova, Palmeira e Ponta Grossa.

A Compagas vende 600 mil metros cúbicos para os setores industrial, comercial e residencial. A conversão de automóveis de gasolina para gás é pequena, não passa de 15.000.

?Precisamos levar em conta que a Argentina tem uma experiência de 50 anos com gás natural e nós estamos chegando a cinco?, ressalta Alexandre Haag Filho, assessor de planejamento da Compagas, que acompanhou os empresários argentinos durante as visitas e reuniões.

Tanto Leonardo di Leonarda, da AIR GNC, de Mar del Plata, empresa que trouxe kit e veículo para teste dirigindo mais de 2.000 quilômetros para chegar a Curitiba, como Luciano Iezzi, do Ecopos, ressaltam que, além de economia de combustível, os equipamentos que oferecem mantêm a estética dos veículos, boa convivência com o meio ambiente porque não poluem e por essa razão tem direito a redução na cobrança de impostos.

Empresários argentinos do setor de gás estiveram no Sindirepa (Sindicato das Empresas de Reparação de Veículos), e na ConvertGÁS, empresa que em Curitiba foi pioneira na conversão de automóveis (ano 2000). Seu proprietário, Eron, diz que para garantir um espaço no mercado paranaense, os argentinos precisam estar presentes com um representante ou mesmo uma fábrica. Ele, que enfrentou o desafio de iniciar um negócio novo na cidade, reafirma a idéia de que Curitiba é uma cidade-teste.

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