Microcrédito é ferramenta contra agiotagem no País

A ampliação do programa de microcrédito irá garantir que a sociedade “deixe de ser vítima da agiotagem estabelecida neste País”. A afirmação é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou ontem de solenidade comemorativa à abertura de 500 mil contas simplificadas pela Caixa Econômica Federal. “Estamos é tirando muita gente das mãos do agiota, oferecendo crédito popular a juros baixos”, disse o presidente ao criticar a dificuldade de acesso dos pobres às instituições financeiras ao longo dos anos, que deram sempre prioridade aos ricos.

Lula destacou ainda que não são os pobres os grandes devedores dos bancos que foram privatizados, mas gente “mais aquinhoada”. O argumento do presidente, que ele considerou “elementar”, é o de que o pobre paga em dia para ter o nome limpo.

“Na praça ele não dá calote, e quando atrasa avisa”, disse.

Consumo de massa

Para o presidente, “se só o Estado brasileiro não havia percebido isso ainda é porque de certa forma desconfiava do povo, porque levava dos grandes calotes bilionários. Tomava tombos de milhões de reais. Mas não emprestava 200 ou 300, até 500 reais para os mais pobres por pura desconfiança”.

Lula destacou que “agora isso acabou, e o País todo vai ganhar com a mudança. O crédito popular ajudará também a criar um mercado de consumo de massa, contribuirá para tornar nossa indústria mais forte, nossa agricultura mais produtiva e o nosso desenvolvimento mais verdadeiramente sustentável”, afirmou ao destacar que o microcrédito é uma parte fundamental da solução e um requisito da cidadania.

Segundo Lula, o comportamento dos bancos agora, não só da Caixa, Banco do Brasil e do BNDES, que são bancos oficiais, mas também das instituições privadas, vai garantir que a sociedade “deixe de ser vítima da agiotagem estabelecida neste País”.

Juros de 300%

O governo anunciou em junho medida que obrigou os bancos a destinarem 2% dos depósitos à vista a programas de microcrédito com juros de até 2% ao mês. Os valores que não forem disponibilizados nesses programas deverão ser depositados compulsoriamente no Banco Central sem remuneração.

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que também participou da solenidade, disse que hoje as pessoas que não têm acesso ao sistema bancário se “submetem a juros que ultrapassam 300%”.

“Em economia não existe panacéia, não existe truque nem carta na manga. O que existe é o compromisso político desse governo de promover a justiça social democratizando as oportunidades”, completou.

Inclusão bancária

Ao comemorar a marca de 500 mil contas simplificadas abertas em aproximadamente três meses, meta prevista para ser alcançada somente no fim do ano, o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, afirmou que, ao promover a inclusão bancária, a instituição “rompe com uma tradição de que pobre significava apenas risco para o sistema financeiro”.

Ao abrir essas contas, em que não é preciso comprovar renda, residência ou fazer depósito mínimo, os novos correntistas poderão receber, depois de três meses de movimentação sem restrição cadastral, créditos pré-aprovados de R$ 200.

O presidente Lula anunciou, então, a meta de duplicar a abertura de contas simplificadas até o fim do ano, atingindo 1 milhão em todo o País, com 150 mil contas por mês, ou 7 mil por dia.

Desconto direto no salário

O governo deverá concluir esta semana a proposta que oficializará os empréstimos concedidos aos trabalhadores com desconto em folha de pagamento, segundo informou o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. A negociação sobre o crédito vinculado ao salário dos trabalhadores envolve bancos e representantes de sindicatos e centrais sindicais, e faz parte do conjunto de ações do governo para tentar promover a reativação da economia.

Entre as propostas em discussão está a possibilidade de uso de parte do FGTS como garantia de empréstimos para possibilitar a cobrança de juros mais baixos.

A medida servirá, segundo o ministro, para que os direitos dos trabalhadores frente ao sistema bancário façam parte de negociações autorizadas pela legislação. “Para que as conquistas dos trabalhadores se expressem também no seu acesso ao sistema bancário, no seu acesso a crédito com juros mais baixos”, disse Palocci durante solenidade, sobre a abertura de contas simplificadas pela Caixa Econômica Federal, no Palácio do Planalto.

Ele considerou a abertura de 500 mil contas especiais simplificadas pela Caixa Econômica Federal uma “mudança significativa no acesso das pessoas aos instrumentos econômicos de que o Brasil dispõe”. Segundo o ministro, para promover a inclusão social, é fundamental que a inclusão bancária seja um direito das pessoas.

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