Metalúrgicos fecham acordos na Volks e Volvo

A Volkswagen/Audi fechou acordo com os 2,4 mil trabalhadores ontem, conforme antecipado por O Estado. O pagamento de R$ 500 de abono para todos os empregados, no dia 5 de maio, foi aceito quase por unanimidade na assembléia realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba na troca de turno, por volta de 15h, na frente da fábrica. Assim, a greve na Volvo, na Cidade Industrial de Curitiba, terminou. A empresa desistiu de esperar a decisão da Justiça do Trabalho na segunda-feira e fez uma nova proposta ontem de manhã, que foi aceita pelos funcionários. Eles retornaram ao trabalho às 10h, depois de dois dias parados.

O acordo fechado na Volvo do Brasil prevê um abono de R$ 600 para os 1,6 mil trabalhadores, que será pago no dia 12 de maio, além de garantir 100% da reposição da inflação pelo INPC em setembro, data-base da categoria, para quem recebe até R$ 2,8 mil. Já os funcionários com salários acima desse valor ganharão um valor fixo, com a garantia de, no mínimo, 50% do INPC do período. O acordo vale de setembro de 2003 até 31 de agosto de 2004. As 20 horas não trabalhadas nesta semana não serão descontadas dos salários. Serão compensadas com expediente hoje e mais uma hora por dia a partir da próxima semana, para normalizar os níveis de produção. Em dois dias de greve, deixaram de ser fabricados 50 caminhões, seis ônibus e cem cabines.

Com o acerto, fica arquivado o pedido de dissídio coletivo de greve ajuizado pela Volvo no Tribunal Regional de Trabalho da 9.ª Região. ” A empresa viu que estava perdendo muito e que a reivindicação era justa. A principal conquista é a garantia do INPC na data-base”, comemorou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Nelson Silva de Souza.

Volks/Audi

A Volkswagen/Audi foi a única montadora paranaense que não enfrentou paralisação dos funcionários. Depois de várias reuniões, a empresa acatou a contraproposta dos metalúrgicos, que foi aprovada na assembléia de ontem à tarde. Diferentemente da Volvo e da Renault, a negociação não abrangeu a correção salarial pelo INPC, já que a reposição inflacionária integral está garantida pelo acordo assinado em abril de 2001, relativo à produção da versão nacional do Tupi em São José dos Pinhais. A fábrica tem 1,6 mil trabalhadores na produção, 400 indiretos e 400 na administração.

“Concordamos com o abono linear porque o trabalhador que tem o menor salário é o que mais sofre com a inflação, já que gasta a maior parte do salário com alimentos e artigos de primeira necessidade, que foram os produtos que mais subiram e provocaram o aumento da inflação, tanto que a cesta básica de Curitiba é uma das mais caras do País”, justificou o coordenador da comissão de fábrica da Volkswagen/Audi, Jamil D?Ávila. O salário médio na produção é de R$ 996. Para 70% do pessoal da produção, que ganha até R$ 892, o abono repõe a perda da massa salarial no período de setembro a março (56,7%), salienta Ávila. O menor salário na linha de montagem da Volks é R$ 763.

A próxima discussão dos empregados com a direção da Volks/Audi será relativa ao valor total e metas da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), constante do acordo do Tupi. A primeira parcela da PLR, de R$ 1,2 mil, será paga no dia 30 de junho para todos os trabalhadores.

Negociação continua na Renault

Na Renault do Brasil, onde a greve já dura quatro dias, ontem houve nova rodada de negociações com os sindicalistas. A reunião começou às 15h30 e não tinha terminado até o fechamento dessa edição. A última proposta da empresa era abono de R$ 500 em dinheiro ou vale-refeição, em parcela única. Na conversa de ontem, a proposta estava avançando, mas os negociadores preferiram não dar detalhes, alegando que a oferta estava longe do pretendido. A proposta que deveria ser formatada nessa reunião será apresentada aos trabalhadores em assembléia na segunda-feira de madrugada.

Apesar da demora no acordo, a empresa não entrou na Justiça do Trabalho pedindo dissídio de greve. Porém a montadora francesa conseguiu uma liminar na quinta-feira, estipulando multa diária de R$ 5 mil ao Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, caso impeça o acesso dos trabalhadores à sede da empresa. Mesmo com a entrada desbloqueada, não houve produção ontem. Os funcionários preferiram ficar concentrados do lado de fora.

No período da paralisação, 1.360 carros e 3,6 mil motores deixaram de ser produzidos no complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais. Com a parada na Mecânica Mercosul (fábrica de motores da Renault), os sindicalistas dizem que há risco de parar a produção das fábricas da Renault na Turquia e no México e da planta da PSA (Peugeot e Citröen), em Porto Real, no Rio de Janeiro. As três são abastecidas pelos motores feitos no Paraná.

A assessoria de imprensa da Renault do Brasil disse que não iria comentar os prejuízos da paralisação. A PSA, através da assessoria, informou que a produção não foi comprometida e que ainda há estoque de motores, mas não soube dizer até quando dura essa quantidade armazenada. Dos 180 modelos Peugeot 206 fabricados por dia em Porto Real, 120 recebem o motor 1.0 da Renault do Paraná.

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