Metalúrgicos da Volks-Audi cruzam os braços

Os 4,2 mil trabalhadores da montadora Volkswagen-Audi, em São José dos Pinhais, vão cruzar os braços durante 24 horas em protesto contra o plano de reestruturação anunciado pela empresa. A mobilização começa hoje, às 5h, e deve atingir também trabalhadores de outras duas unidades da Volks: a de Taubaté e a de São Bernardo do Campo, ambas em São Paulo. Com a paralisação, cerca de 2,7 mil veículos vão deixar de ser produzidos; 810 apenas na planta de São José dos Pinhais.

?O sindicato está disposto a negociar uma solução, desde que não se fale mais em demissões nem em perda de direitos?, afirmou ontem o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka. Segundo ele, os metalúrgicos entregaram um ofício à direção da empresa na última sexta-feira, informando que a partir de 48 horas (encerradas ontem) poderiam ocorrer mobilizações.

Além das demissões – de acordo com o sindicato, seriam cerca de 5,7 mil em todo o País até 2008, aproximadamente 1,4 mil apenas na unidade do Paraná -, os trabalhadores protestam ainda contra a fase II do Plano de Reestruturação da Volks que prevê, entre outras medidas, o reajuste salarial nos próximos dois anos de 85% do INPC integral e de outros 15% conforme o cumprimento de metas de produção – portanto, até 2008, não haveria aumento real; banco de horas até 200 horas; em caso de falhas na linha de montagem, os trabalhadores deveriam trabalhar até duas horas a mais por dia, sem remuneração. Para Butka, os direitos dos trabalhadores estão sendo retirados. ?Uma grande parte vai ser demitida e, quem ficar, terá que abrir mão de seus direitos?, criticou.

Segundo Butka, a direção da empresa só pode implantar tais medidas se houver acordo com os trabalhadores, o que não deve ocorrer. ?Nós concordamos em negociar, desde que não reflita em demissões nem em perdas de direitos?, repetiu o presidente do SMC. ?Vamos fazer a nossa parte, mas a empresa tem que fazer a dela.? Para Butka, uma das soluções para reduzir custos seria a nacionalização da produção de peças, o que deixaria a montadora menos dependente do câmbio.

Além da paralisação na planta de São José dos Pinhais, os trabalhadores devem promover hoje, às 9h30, passeata na Rua XV de Novembro, em São José dos Pinhais. Em Curitiba, haverá passeata na Boca Maldita, às 15h30.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, os protestos devem seguir nos próximo dias. No final de semana, durante o feirão de carros no pátio da Volks, em São Bernardo do Campo, haverá panfletagem. Também estão previstas manifestações nas concessionárias da Volks em São Paulo e no Paraná. A idéia é mostrar à população os problemas que os trabalhadores da montadora vêm enfrentando, em decorrência da crise instalada na empresa.

Corte de custos

Conforme declaração feita pelo presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner, no início do mês, a empresa quer ter lucro operacional em 2007. Para isso, pretende cortar 25% dos custos de produção dos novos modelos a serem lançados até 2008. O executivo informou ainda, na ocasião, que a montadora deverá reduzir em 40% o número de veículos exportados até 2008. Somente em 2006, a expectativa é de um corte de 31% nas vendas externas, que passaram do recorde de 256 mil unidades em 2005, para 175 mil este ano. O dólar baixo é um dos principais motivos da reestruturação da empresa. 

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