Mercosul não controla invasão chinesa

São Paulo (AE) – A ampliação das importações argentinas da China, em detrimento aos produtos brasileiros, é o resultado de uma política equivocada de comércio exterior entre os dois países do Mercosul nos últimos anos. Segundo o presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo, Alberto Alzueta, a invasão dos produtos chineses nos dois países só ocorreu porque faltou uma aliança estratégica que fortalecesse as cadeias produtivas e o desenvolvimento tecnológico da produção. ?Se as economias não ficam unidas, fica difícil o estabelecimento de programas em comum?, afirma Alzueta, em relação ao espaço deixado pelos países que contribuiu para o avanço dos produtos chineses.

Na avaliação de Alzueta, os governos não estão facilitando a integração e dificultando a parceria entre os empresários para fazerem acordos estratégicos. ?Precisamos sensibilizar os governos e as empresas da importância do fortalecimento das relações entre os países como forma de concorrer contra os produtos chineses. Somente através do aumento da produtividade é que poderemos minimizar o impacto da invasão dos produtos chineses, que já causa desemprego nos dois países?, explica.

Para ele, a reversão desse quadro é possível, mas só ocorrerá quando os governos tomarem consciência dos fatos e incentivarem as indústrias e as classes produtivas. ?Em vez de ficar discutindo geladeiras, devemos dar competitividade às indústrias dos dois países e colocar salvaguardas aos produtos chineses?, ressalta, exemplificando com o setor calçadista, que foi alvo de conflitos entre os países e onde a China passou a dominar o mercado. ?Os dois países ficaram brigando entre si e o calçado chinês tomou conta dos dois mercados.?

Alzueta destaca ainda que fora o agronegócio, os chineses têm potencial para tomar conta de todos os mercados argentinos e brasileiros. ?Eles (os chineses) não têm nenhum tipo de freios e estão prontos para dominar todos os setores das economias dos países do Mercosul.? Segundo ele, os governos precisam dinamizar e integrar os negócios dentro do bloco para intimidar a entrada dos produtos chineses. Para o Brasil estaria cômodo vendendo soja, aço e minério.

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