Mercado exige mais, e acaba pagando menos

Homem, jovem, 2.º grau completo, que entra no mercado ganhando baixos salários. Esse é o perfil da maioria dos contratados no Paraná durante 2004, de acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Die-ese). Os dados da pesquisa foram fornecidos pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e divulgados junto com os números dos empregos formais no Estado, na última terça-feira.

Para Cid Cordeiro, economista do Dieese, apesar do recorde de contratações no Paraná em 2004 (saldo positivo de mais de 122 mil empregos), o alto índice de desemprego, estimado pelo órgão em cerca de 15%, ainda leva as pessoas a aceitaram condições adversas para conseguir uma colocação no mercado formal. "Os dados da pesquisa significam que hoje existe maior exigência de escolaridade e paga-se menos", afirma.

Segundo a pesquisa, os homens foram responsáveis por preencher 61,5% das vagas disponíveis em 2004. "Até 2003 esse percentual era favorável às mulheres, mas com a recuperação de setores como a metalurgia, a construção civil e a indústria de transporte, a demanda atual é por homens", explica o também economista do Dieese Sandro Silva.

Em 2004 foram contratados mais de 82 mil jovens na faixa etária de 18 a 29 anos: aproximadamente 66,90% das vagas ocupadas. Já para os trabalhadores acima dos 50 anos, a participação no mercado foi negativa, -3,94%. O grau de instrução das empregados também aumentou. Mais de 82 mil contratados têm 2.º grau completo ou incompleto. Participação de 67,30% deles no mercado.

Silva explica que os perfis entre o campo e a cidade diferem. "No setor da agroindústria não existe tanta exigência por escolaridade e nem por homens, além de os salários serem menores. Apenas se mantém a exigência por jovens", afirma.

A faixa de rendimento do trabalhador paranaense também vem diminuindo: 134 mil empregados foram contratados em 2004 para receber até 3 salários mínimos, um aumento de 110% em relação a 2003. "É um dado preocupante, já que em todas as outras faixas salariais houve mais demissões que contratações", aponta Cordeiro. No entanto, o salário médio no Estado teve uma ligeira melhora. Em 2003 foi de R$ 869,75. Já em 2004, o Dieese estima que foi de aproximadamente R$ 930,00. A média das admissões é de R$ 458,92, e dos desligamentos, de R$ 516,15.

Em tempo de trabalho de quem foi demitido, a faixa crítica é de até 6 meses, responsável por 37,22%. De 6 meses a 1 ano, as demissões também foram grandes: 20, 94%. Somadas, as demissões nessas faixas são de mais de 58% do total. Isso é reflexo, segundo Silva, dos muitos postos criados como cargos temporários. "É um fenômeno sazonal: contrata-se nos períodos de safra na agricultura e no comércio em fim de ano. Passadas essas fases, demite-se."

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