Meirelles descarta ?soluções mágicas?

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Henrique Meirelles: ?esqueçam a taxa de juros?.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, voltou a defender a política monetária implementada pela instituição e criticou a pressão exercida por alguns setores da sociedade para que se promova uma queda ?artificial? da taxa de juros. Para Meirelles, a discussão sobre uma queda maior na Selic é legítima, porém, tem que se ter cuidado para que interesses específicos não se sobreponham ao interesse geral da nação, que, de acordo com ele, passa pelo controle rígido da inflação.

Meirelles avaliou ainda que a manutenção do debate sobre uma possível queda mais rápida da taxa de juros, por si só, já influencia nas expectativas da inflação, contribuindo, assim, para a manutenção do patamar elevado da Selic. ?Quanto mais discutirmos que temos de baixar os juros na raça, mais teremos expectativas negativas com relação à inflação?, comentou.

Falando ontem para uma platéia de empresários, que fizeram duras cobranças em relação à taxa de juros, Meirelles fez uma analogia entre o governo federal e demais agentes que atuam em prol do crescimento e um time de futebol. Para ele, cada um tem sua função específica e deve ser cobrado por ela. ?O que não se pode é criticar o goleiro por não estar marcando gol?, comparou.

Segundo o presidente do BC, é necessário ter tranqüilidade para não destruir as conquistas alcançadas pelo país, principalmente as relativas à estabilidade da economia, e não cair na tentação de tomar medidas que induzam crescimento e, posteriormente, levem a uma situação de instabilidade interna.

?Precisamos ter cuidado para não buscar soluções que já deram errado no passado do país?, afirmou Meirelles, ressaltando que o pensamento econômico brasileiro adotou, em alguns momentos, fantasias como sendo realidade. ?Uma das fantasias é de que a gente pode controlar as variáveis básicas da economia?, disse, destacando entre essas variáveis a taxa de juros, que, para ele, depende de uma série de fatores.

O presidente do BC chamou atenção para o fato de que, pela primeira vez, a discussão é como fazer para o país crescer e não mais sobre como sair da crise. Para ele, as queixas sobre a alta taxa de juros correspondem a interesses específicos, que precisam se sujeitar aos interesses gerais. O aprendizado no governo, garante, é trazer à discussão o interesse geral. ?Temos de ter visão clara do papel do estado, que precisa criar condições para que o país cresça?, disse, acrescentando que ?o setorial não vê o geral?.

Também palestrante do evento, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues anunciou a criação de uma nova sociedade, formada a partir da agroenergia. ?O Brasil pode ser o timoneiro de uma nova civilização?, afirmou, referindo-se ao potencial agrícola do país na produção de energias alternativas. ?Os países desenvolvidos vêem a agroenergia como uma questão de segurança e não mais como uma questão de custos.?

Para Rodrigues, trabalhar no governo exige que se ouça todos os envolvidos, para que sejam criados os mecanismos adequados. ?Há idealismo, mas falta uma linha de ação que integre atividades?, apontou, em relação ao funcionalismo público. Lembrou que o governo é formado por pessoas diferentes, que não têm projetos coincidentes. Por isso, explicou, é preciso compreender as diferentes visões e entender o que há por trás das posições dos interlocutores.

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