Lula prega, no Chile, “revolução” comercial

O presidente Luiz Inácio da Silva disse ontem, em Santiago do Chile, que o Brasil ajudará a América do Sul a fazer uma “revolução” em suas relações internacionais com outros países do mundo. Essa revolução fortalecerá a posição da região nas negociações comerciais. “Nós vamos fazer uma pequena revolução na relação internacional da América do Sul”, disse ele.

De acordo com o presidente, essa revolução poderá ser feita na reunião do próximo ano entre os presidentes da América do Sul e dos países árabes. “Nós temos a obrigação de convencê-los de que eles podem olhar um pouco para a América do Sul. Aqui tem paz, aqui não tem guerra.”

Segundo ele, os países árabes poderão investir em “turismo, ferrovia, energia, gasoduto” na América do Sul. “Só vai depender da nossa capacidade de vender as coisas boas que nós temos. Nós é que temos que falar bem de nós.”

Lula disse que uma das estratégias do Brasil na área de comércio internacional é buscar a complementaridade na pauta de exportações com grandes potências, como a África do Sul e China.

“Nós não exportamos apenas soja para a China. A China nos empresta o conhecimento que tem no lançamento de foguetes, de satélites, e nós levamos para a China a nossa tecnologia na construção de aviões. Isso pode ser feito com cada país.”

Críticas a FHC

Lula aproveitou sua viagem ao Chile para fazer uma crítica velada à política econômica de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. A alfinetada foi disparada um dia após FHC ter afirmado que a economia brasileira está longe de um “pódium olímpico”.

“A falta de iniciativa para mudar a política cambial no momento certo, fez com que um país do tamanho do Brasil acumulasse durante muitos anos seguidos um déficit comercial quase sem precedentes na nossa história”, disse ele, se referindo à estratégia usada na gestão FHC de manter uma paridade entre o dólar e o real.

Lula chegou a relacionar a política equivocada a objetivos eleitorais. “Quando se trata de política econômica, muitos governantes não têm coragem de fazer as mudanças no tempo certo se a política econômica tiver rendendo algum dividendo eleitoral.”

Lula disse que o “Brasil está numa rota sólida para cumprir parte da dívida social acumulada durante tantos anos com o nosso povo”.

“Nós tomamos a decisão para fazer com que o Brasil tivesse uma ação política para, a partir do Mercosul, reconstruir uma relação forte com a América do Sul e com o resto do mundo.”

Ele também fez uma avaliação das viagens realizadas nos seus 19 meses de governo. Segundo o presidente, é necessário viajar para ampliar a presença do Brasil no exterior.

“Eu já visitei, me parece, 39 países. Porque eu aprendi que quando se trata de relação comercial a gente não pode ficar em casa esperando que o comprador apareça para comprar. Nós temos que sair para vender aquilo que nós acreditamos que é bom. Foi por isso que tomamos a iniciativa de ter uma política internacional mais ousada e mais arrojada.”

Brasil vai investir mais no Equador

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem no fim da tarde (início da noite no Brasil) a Quito para uma visita de um dia, num momento em que o presidente Lucio Gutiérrez enfrenta baixa popularidade. Apesar das dificuldades políticas, o Equador atravessa um período de tranqüilidade na economia, com inflação sob controle e crescimento econômico.

Depois da visita de Lula, o Brasil deverá ampliar os investimentos no Equador e as relações comerciais especialmente no setor de petróleo. Em convênio com a Petroecuador, a Petrobras já explora campos de petróleo no Equador e passará a dar assessoria técnica na organização da empresa equatoriana. Nos primeiros cinco meses deste ano, as exportações de petróleo do Equador para o Brasil chegaram a US$ 37 milhões, de um total de US$ 42,9 mil-hões.

Ainda na área de energia, os governos deverão assinar acordos de cooperação para produção de álcool etanol no Equador e regulamentação do setor de energia elétrica.

Os presidentes vão assinar mais dois acordos: um para cooperação técnica na regulamentação do setor de telecomunicações no Equador e outro na área de saúde. A intenção do governo brasileiro é transferir ao Equador a experiência brasileira na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos programas de agentes comunitários e aleitamento materno.

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