Lula avisa que não vai dar moleza aos EUA

Brasília

– O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva enviou um recado ao governo dos Estados Unidos para dizer que, a partir de sua posse, o Brasil vai lutar mais “duramente” por seus interesses no plano internacional. O recado foi dado por Lula ao secretário de Estado Adjunto dos Estados Unidos para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Otto Reich, de acordo com o senador Aloizio Mercadante, que participou do encontro.

Lula teve um encontro muito breve com Reich, na Granja do Torto, a tempo apenas de enviar a mensagem, segundo Mercadante. O senador eleito disse que os participantes da reunião demonstraram ao funcionário norte-americano a preocupação com o restabelecimento das linhas de crédito para o Brasil. Segundo Mercadante, a previsão de linha de créditos para o Brasil neste ano era de US$ 30 bilhões. Com a crise na economia, ela foi reduzida à metade.O petista lembrou que a economia brasileira continua produzir superávits “fantásticos”.

Mercadante disse que os Estados Unidos podem colaborar para a reabertura de crédito internacional, a fim de garantir o crescimento do Brasil e a geração de empregos. Segundo Mercadante, Reich e a embaixadora norte-americana no Brasil, Donna Hrinak, que também participou do encontro, foram receptivos às propostas brasileiras. Para o petista, o governo Lula terá o apoio dos EUA.

Procurando mostrar o interesse do governo americano pelo governo Lula, Otto Reich disse que o encontro que George W. Bush terá com o presidente eleito do Brasil, em dezembro, demonstra a importância que os EUA dão ao relacionamento com o País. Segundo Reich, “não é usual” o presidente americano receber presidentes eleitos. “Estamos ansiosos em trabalhar com o governo do presidente eleito”, disse. Ele disse que o encontro com Lula e equipe foi “muito produtivo e construtivo”. A reunião com o grupo do presidente eleito é preparatório para a visita que Lula fará a Washington, dia 10, com o objetivo de encontrar-se com Bush.

Reich afirmou que, na audiência com o staff do novo presidente, foram discutidas questões regionais. O secretário-adjunto do Departamento de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA preferiu não comentar a proposta feita anteontem por Lula para a criação de um parlamento das Américas nos moldes do Parlamento Europeu. “Honestamente, não vi a proposta. Tudo que eu sei foi o que li nos jornais. Estamos ansiosos em estudar essa e outras propostas”, disse.

Reich disse também que Lula não pode ser comparado ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “Lula não é Chavez.” Ele lembrou que Lula concorreu à Presidência da República por quatro vezes, o que, na avaliação dele, demonstra a crença do presidente na democracia. “Ele não é um homem militar. Ele é um líder sindical”, disse, ao comparar Lula com Chávez. O secretário-adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA disse ainda que o presidente tem consciência das tarefas que enfrentará. “Espero, sinceramente, que ele não tenha a má sorte do Chavez”, disse.

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