LIVRE COMÉRCIO

Londres acredita na retomada das negociações de Doha em 2011

O governo britânico acredita que as negociações da Rodada Doha de livre comércio podem ser retomadas em 2011, depois de quase três anos de suspensão. “Podemos fazer com que isso aconteça, mas todos os países precisam fazer mais do que fizeram até agora”, avalia Lorde Leon Brittan, conselheiro especial de comércio do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

A tarefa não é fácil, dado o conturbado histórico da rodada, lançada em 2001 na capital do Catar. Mas o conselheiro britânico acredita que se progressos não forem feitos até dezembro, dificilmente haverá condições de retomar as negociações a partir do próximo ano.

O governo brasileiro também vê 2011 como uma janela de oportunidade para a retomada das negociações. Isso porque este ano não haverá eleições nos principais países envolvidos. “A ambição é fazer algo este ano, mas esse é um calendário político”, explica uma fonte.

O otimismo de Brittan, que está no Brasil para sua primeira visita desde que assumiu o posto de conselheiro em agosto do ano passado, está baseado nas conversas mantidas com embaixadores das principais nações envolvidas nas negociações que demonstraram, segundo ele, que há real disposição de colocar novas ofertas sobre a mesa de negociação.

“O desafio natural agora é colocar o carrossel para andar e mostrar que realmente estamos dispostos a concluir o jogo”, disse. “Brasil, China e todos os demais países precisam estar preparados para fazer mais e a União Europeia está pronta para fazer um pouco mais, mesmo na área agrícola”, acrescentou.

O fracasso da Rodada Doha chegou a ser anunciado oficialmente em julho de 2008 pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. O principal motivo foi a falta de consenso entre China, Índia e Estados Unidos sobre mecanismos de salvaguarda para importações agrícolas. O conselheiro britânico concorda que o fator “crucial” para que as negociações sejam retomadas é o futuro das conversas entre chineses e americanos.

O otimismo de Brittan em relação à Rodada Doha não se repete quando o tema em discussão é a polêmica proposta do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de criação de uma espécie de estoque mundial de alimentos, para evitar a volatilidade dos preços agrícolas. Apesar de dizer que “respeita e entende” as razões por trás da ideia de Sarkozy, o conselheiro acredita que não há chances da proposta prosperar. “Isso é completamente impraticável”, disse.