Investimento externo chega a US$ 2 bilhões

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Altamir Lopes: resultado supera expectativas.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (Depec), Altamir Lopes, estimou que os Investimentos Estrangeiros diretos (IED) no País, em dezembro, devem somar um volume em torno de US$ 2 bilhões. Ele destacou que foi a primeira vez, este ano, que o BC revisou a estimativa de IED para 2006, passando de US$ 18 bilhões para US$ 18,3 bilhões. Para o ano que vem, permanece a estimativa de US$ 18 bilhões.

Altamir disse também que o superávit em conta corrente em novembro, de US$ 1,520 bilhão, veio abaixo da estimativa do Banco Central. Segundo ele, a projeção era de superávit em novembro de US$ 1,7 bilhão. Altamir atribuiu este resultado menor ao desempenho da balança comercial. As importações, em novembro, foram mais fortes do que o esperado, resultando, então, em superávit comercial mais baixo do que o projetado.

O chefe do Depec, no entanto, disse que o acumulado de janeiro a novembro permitiu que o BC revisse a projeção de superávit em conta corrente para o ano, de US$ 11,9 bilhões para US$ 13,3 bilhões. Ele destacou que com o saldo de janeiro a novembro, de US$ 13,182 bilhões, será necessário um resultado de pouco mais de US$ 100 milhões, em dezembro, para atingir a projeção do ano.

Expectativas menores

Altamir afirmou que os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no País, em novembro, de US$ 2,668 bilhões, vieram acima das expectativas do Banco Central e do mercado. Segundo ele, o BC estimava um total de IED em novembro de US$ 2 bilhões. O resultado final também superou as estimativas do mercado, que pela coleta de expectativas feita pelo AE-Projeções variavam de US$ 1,5 bilhão a US$ 2,3 bilhões.

Segundo Altamir, já era esperado que houvesse um aumento forte dos investimentos no final do ano. Ele disse que o IED de novembro é o maior desde abril de 2005, quando os investimentos deste tipo somaram US$ 3,037 bilhões. Para meses de novembro, é o maior desde 2000, quando os investimentos somaram US$ 5,722 bilhões.

Dívida externa

A dívida externa total do Brasil atingiu, em novembro, US$ 176,515 bilhões, segundo estimativas do Banco Central. Em setembro, último dado divulgado pela autoridade monetária para esta conta, a dívida externa era de US$ 159,560 bilhões.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, atribuiu esse crescimento essencialmente à operação de empréstimo feita ?por uma mineradora brasileira? para comprar uma empresa estrangeira (ele se refere à compra da canadense Inco pela Vale do Rio Doce).

Capacidade de financiamento atinge recorde

Rio (AE) – A capacidade de financiamento (equivalente ao saldo em conta corrente) registrada no País atingiu o recorde histórico para um terceiro trimestre neste ano, quando chegou a R$ 16,2 bilhões. No terceiro trimestre do ano passado, a capacidade havia sido de R$ 13,4 bilhões.

A principal novidade no aumento é que, pela primeira vez, o crescimento não está relacionado ao saldo externo de bens e serviços, e sim à redução do endividamento externo e ao aumento dos juros sobre o capital financeiro do Brasil aplicado no exterior, segundo explica a técnica da coordenação de contas nacionais do IBGE, Claudia Dionisio.

Ela observou que desde 2002 quando o Brasil começou a registrar capacidade de financiamento – antes havia persistente déficit em conta corrente -, o saldo externo era o principal componente do crescimento. Agora, continua sendo o principal responsável pela geração de capacidade, mas não mais pelo seu crescimento, pelo menos no terceiro trimestre. O saldo externo ficou praticamente inalterado no terceiro trimestre deste ano (R$ 24,8 bilhões) em relação ao terceiro trimestre de 2005 (R$ 24,6 bilhões).

?O endividamento externo está menor agora e por isso estamos pagando menos juros. Além disso, o estoque de ativos lá fora é maior e os juros internacionais estão mais altos neste ano do que no ano passado, então a remuneração do que está aplicado é maior?, explica Claudia.

Adriana Beringuy, também técnica da coordenação de contas nacionais, explica que o aumento de ativos brasileiros no exterior está relacionado tanto a aumento de aplicação em títulos e ações, quanto a uma forte aceleração no processo de internacionalização das empresas brasileiras.

O Investimento Brasileiro Direto (IBD) passou de R$ 1,7 bilhão, no terceiro trimestre de 2005, para R$ 4,9 bilhões no terceiro trimestre deste ano. No mesmo período, influenciados pelo aumento do IBD, os empréstimos intercompanhia de empresas com matriz no Brasil passaram de R$ 8,3 milhões, no terceiro trimestre de 2005, para R$ 3,2 bilhões no terceiro trimestre de 2006. Segundo Adriana, a internacionalização de empresas tem sido mais intensa em segmentos como siderurgia, mineração e petróleo.

Por sua vez, enquanto o IBD aumentou 226% no acumulado de janeiro a outubro de 2006 (de US$ 2,4 bilhões para US$ 7,8 bilhões), o Investimento Estrangeiro Direto (IED), no Brasil, cresceu apenas 2,1% no período (de R$ 11,7 bilhões para R$ 11,9 bilhões). ?O crescimento do IBD chama atenção sim, mas chama ainda mais atenção o baixo crescimento do IED, praticamente estagnado?, afirmou Adriana.

Além do aumento dos ativos, o endividamento externo recuou, inclusive com o fim das amortizações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que no terceiro trimestre do ano passado foi de R$ 11,8 bilhões e não ocorreu em igual período deste ano.

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