Inflação do aluguel registra elevação de 0,66% em fevereiro

Usado para reajustar preços de aluguel, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acelerou de 0,42% para 0,66% da primeira prévia de janeiro para igual período de fevereiro, pressionada pelo reajuste no preço do minério de ferro pela Vale e por commodities mais caras no atacado, como milho e algodão. Até fevereiro, o indicador ainda acumula alta de 10,93%.

Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) caminham para uma desaceleração no curto prazo – embora o comportamento da inflação seja imprevisível em um horizonte mais longo. Na visão dos analistas da consultoria Tendências, Thiago Curado e Alessandra Ribeiro, a primeira prévia confirma os sinais de continuidade das pressões das commodities sobre os preços de atacado.

Na avaliação dos especialistas, fevereiro será um mês de inflação sensivelmente pressionada e o IGP-M deve fechar o mês com alta de 0,98%. Na primeira prévia, a inflação atacadista, que representa 60% do total do índice, foi destaque novamente e subiu de 0,40% para 0,76%, a maior contribuição para a alta da inflação, entre os três setores pesquisados pela FGV.

No entanto, nem todos os produtos estão em alta no atacado, segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. Segundo ele, os preços dos alimentos atacadistas mostraram deflação (-2,22%). Isso, no curto prazo, deve se refletir nos preços dos gêneros alimentícios no varejo e conduzir a um cenário mais benéfico em fevereiro.

No entanto, no longo prazo a inflação ainda está indefinida. Como exemplo, Quadros citou o caso do milho em grão, em alta no atacado. Em 12 meses, o item já acumula alta de 65,61% até a primeira prévia de fevereiro. Este produto possui uma cadeia de derivados expressiva, tanto no atacado quanto no varejo.

O milho em grão é muito usado na elaboração de rações, cuja taxa de inflação está acelerando (de 3,54% para 4,54%) no atacado e já acumula alta de 29,48% em 12 meses – sendo que rações são um custo importante para outros itens, como bovinos, por exemplo.

“Não podemos prever o que vai acontecer com os preços dos alimentos daqui a dois meses. Mas existem produtos, como o milho, que nos dão algumas sinalizações. O que ocorre com o milho agora vai reverberar por sua cadeia de derivados, daqui a algum tempo”, alertou.

O atacado não foi o único setor a mostrar avanço de preços na primeira prévia de fevereiro. A inflação do varejo também acelerou levemente, de 0,41% para 0,45%, pressionada pelo reajuste na tarifa de ônibus urbano. Já a inflação na construção civil perdeu força (de 0,62% para 0,52%), beneficiada por mão de obra mais barata.