Indústria foi ?fábrica? de empregos no ano

O Paraná fechou o primeiro semestre de 2006 com o saldo de 69.907 novos empregos – volume 6,26% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram gerados 74.578 empregos, mas o terceiro melhor resultado desde 92. Os dados fazem parte da pesquisa Nível de Emprego no Paraná, divulgada ontem pelo Dieese-PR (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná). 

Conforme o levantamento, o interior do Paraná concentrou quase 70% dos novos postos de trabalho, enquanto a Região Metropolitana de Curitiba ficou com os outros 30%. Entre os setores que mais contrataram no semestre, destaque para a indústria de alimentos e bebidas, com a geração de 17.071 empregos – puxada sobretudo pela produção de álcool e açúcar. Em seguida aparece o setor de agricultura e silvicultura (9.602 empregos), outros serviços (8.009), hotéis e restaurantes (5.744), comércio varejista (5.336) e construção civil (5.031). Na outra ponta, o setor de madeira e mobiliário foi o único a registrar queda no saldo de empregos (-721), afetado pela queda do dólar que vem prejudicando as exportações.

Para o economista do Dieese-PR, Sandro Silva, a expectativa é que o Paraná gere este ano volume maior de empregos do que o ano passado, quando o saldo foi de 72.374 novos postos de trabalho e crescimento de 4,23%. ?Apesar de o nível de emprego fechar o primeiro semestre neste patamar (abaixo do mesmo período do ano passado), há possibilidade de encerrar o ano num patamar melhor?, afirmou ele.

Segundo o economista, há fatores positivos que podem elevar as contratações nos próximos meses. ?No segundo semestre, a queda dos juros deve ser sentida, além do controle maior da inflação e a melhora da renda, com o aumento de 17% no salário mínimo?, apontou Sandro Silva. Apesar disso, o economista acredita que a geração de 90 mil empregos, conforme estimativa feita no começo do ano, não deva se concretizar.

Na comparação com outros estados, o Paraná ocupa a oitava posição na variação do nível de emprego (3,95%), acima da média nacional, que ficou em 3,55%. Já no saldo de empregos, foi o terceiro estado que mais contratou (69.907), atrás apenas de São Paulo (440.903) e Minas Gerais (181.015).

Junho

Já no mês de junho, o nível de emprego no Paraná permaneceu praticamente estável (crescimento de apenas 0,25%). O setor de alimentos e bebidas, mais uma vez, puxou as contratações no mês (1.701 postos de trabalho), seguido por outros serviços (749) e hotéis e restaurantes (548). Por outro lado, três setores registraram queda: construção civil (-366), borracha, fumo e couro (-227) e madeira e mobiliário (-188). No caso da construção civil, o economista Cid Cordeiro, do Dieese-PR, acredita que houve a conclusão de alguma grande obra e a demissão de funcionários. Problemas na agricultura e na agroindústria – como estiagem e a redução de preços de alguns produtos agrícolas, tanto no mercado interno como no externo, que afetaram a renda agrícola – também podem ter contribuído para o mau desempenho.

No Paraná, o saldo de empregos em junho foi de 4.609 – no mês, foi o pior desempenho dos últimos sete anos. Na comparação com outros estados, o Paraná ficou na 18.ª posição (crescimento de 0,25%), abaixo da média nacional, de 0,58%.

RMC

Na Grande Curitiba, o saldo de empregos foi de 1.192 em junho e 21.639 no primeiro semestre – o segundo melhor resultado desde 92. No período de janeiro a junho, o setor de serviços foi o que mais contratou (12.752), seguido pelo comércio (3.331) e a indústria de transformação (2.208). Na outra ponta, no setor de agricultura e silvicultura houve saldo negativo de 112 postos de trabalho.

Na comparação com outras oito regiões metropolitanas, a Grande Curitiba apresentou o terceiro melhor desempenho no primeiro semestre (com crescimento de 3,09%), acima da média nacional, que ficou em 2,44%.

Trabalhador da indústria participa mais dos lucros

São Paulo (AE) – O pagamento da Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR) a trabalhadores em 2005 ficou concentrado no setor industrial, especialmente para os metalúrgicos, e nas regiões sudeste e sul. Essa é a conclusão de um estudo divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos SócioEconômicos (Dieese), elaborado dentro da série Pesquisas Sindicais, a partir de um painel de 123 acordos e convenções firmados no ano passado. De acordo com o estudo, 73,2% dos entendimentos foram feitos na indústria, 13,8% em serviços e 13% no comércio.

O Dieese destacou que os acordos de PLR foram conquistados muitas vezes por meio de greves realizadas nas empresas e foram, principalmente, negociados pelos sindicatos, federações ou confederações profissionais, diretamente com as empresas ou com as respectivas representações patronais de suas categorias.

Ao justificar a concentração no setor industrial, o Dieese observou que provavelmente esta situação foi motivada pelo fato de as empresas industriais serem de maior porte econômico, além de o setor ter maior tradição de ação sindical.

O estudo mostrou que, quando foram consideradas as categorias que mais negociaram a PLR no ano passado, os destaques também ficaram na indústria, uma vez que os maiores porcentuais foram encontrados entre metalúrgicos (36,6%) e químicos (13,8%). Em terceiro lugar ficaram os comerciários (13%), seguidos pelos urbanitários (8,9%), trabalhadores do segmento de transportes (6 5%), alimentação (4,9%), vestuário (3,3%), bancários (2,4%), empregados de telecomunicações (2,4%), da construção civil (1,6%) e gráficos (1,6%).

Na outra ponta ficaram os professores do ensino privado, com 0 8% dos acordos e convenções, mesma participação dos jornalistas e dos trabalhadores do segmento de fiação e tecelagem; indústria extrativa; autônomos do comércio; e trabalhadores do segmento de papel, papelão e cortiça

A pesquisa mostrou que as regiões sudeste e sul representaram 63,4% dos acordos e convenções celebrados no ano passado e que, entre os estados, os destaques foram São Paulo (25%), Paraná (14,6%), Minas Gerais (9,8%) e Ceará (9,8%).

O Dieese informou que, no painel analisado, 51,2% dos acordos e convenções pagaram os valores da PLR aos trabalhadores de forma desigual, 36,6% pagaram valores iguais e 12,2% pagaram uma parte igual para todos e uma parte de acordo com o salário.

No que se refere ao valor, há acordos que garantem o pagamento de um valor mínimo, mesmo no caso de as metas não serem atingidas, numa forma de reconhecer o esforço dos trabalhadores. Essa garantia esteve em cerca de 47% dos acordos e convenções analisados, ou seja, em 58 documentos.

Quanto aos valores mínimos garantidos, não houve predominância de um montante específico. Dentre os 58 documentos que trazem este benefício, 12 garantiram valores entre R$ 250 a R$ 500; 12 asseguraram PLR entre R$ 1.200 a R$ 1.800; e outros 12 garantiram valores entre R$ 2.600 a R$ 5.000.

No grupo dos acordos que pagaram valores iguais entre os funcionários, no caso de cumprimento integral das metas (39 documentos), 25,6% pagaram um valor entre R$ 1.200 até R$ 3.000, o que representou a maioria dos acordos com valores iguais.

Voltar ao topo