Indicadores econômicos não refletem qualidade de vida

Cresce a visão de que o sucesso das nações não pode ser medido exclusivamente pelo PIB (Produto Interno Bruto), que leva em conta apenas aspectos econômicos. Estudiosos defendem a adoção de outros indicadores sociais, ecológicos e de qualidade de vida, como recomenda a Agenda 21, plataforma de desenvolvimento sustentável endossada por 170 países. No Paraná, lideranças empresariais e políticas de algumas cidades, como Londrina e Cascavel, têm desenvolvido iniciativas com essa preocupação.

“O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) adotado pela ONU, que inclui escolaridade, renda e expectativa de vida, já é um indicador mais completo, porque não retrata o País apenas pelo desempenho econômico, mas pelo que a economia reflete na sociedade”, comenta Frederico Reichmann Neto, coordenador de Meio Ambiente da Copel (Companhia Paranaense de Energia) e coordenador regional da Conferência sobre Indicadores Sociais e Econômicos e Qualidade de Vida. O evento, que acontece em Curitiba de 27 a 29 de outubro, no Cietep, terá entre os palestrantes a economista inglesa Hazel Henderson, precursora da visão ecológica, solidária e sustentável da economia.

Apesar do alcance mais amplo, nem sempre o IDH reflete a qualidade de vida. “Uma pessoa que vive em São Paulo pode ter conforto e modernidade, mas viver estressado”, cita Frederico. No encontro, realizado pela Copel, Instituto Paraná Desenvolvimento (IPD), Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e Rede de Desenvolvimento Humano, do Rio de Janeiro, será debatida a formulação de políticas sobre o crescimento sustentável. A idéia dos organizadores do evento é instalar no Paraná um observatório, uma organização social sem fins lucrativos para monitorar os indicadores de desenvolvimento sustentável.

Desenvolvimento

“O objetivo é achar formas de medir nossa sociedade com indicadores de qualidade, desenvolvimento e modernidade que passem a ser adotados pelas instituições governamentais que fazem o planejamento do desenvolvimento, pelas instituições financeiras que financiam os projetos e pelas ONGs, para que planejem melhor seus projetos sociais e ambientais”, explica Frederico. “Essas ferramentas vão mostrar aos cidadãos que não adianta ser uma ilha de prosperidade num mar de pobreza”, resume.

Os indicadores amplos já são utilizados em países como Suécia, Noruega e Holanda. No Brasil, há iniciativas pontuais, algumas no Paraná. “Estudiosos da Unioeste, líderes políticos e empresariais fizeram o Pacto de Cascavel, para discutir índices que permitam o planejamento justo da cidade”, informa Frederico. Indicadores mais abrangentes geram um espelho mais realista da sociedade. “É possível planejar a sociedade de forma mais justa, avaliando não só o desenvolvimento consumista, mas o grau de satisfação dela.”

“Na Copel, que tem como meta prioritária a melhoria da qualidade de vida dos paranaenses, a energia elétrica é um instrumental. Se melhorarmos os índices, vamos saber onde melhorar a qualidade de vida através de programas sociais que possibilitem industrialização bem distribuída, geração de emprego e renda”, exemplifica.

Serviço

– Mais informações sobre o assunto no site www.sustentabilidade.org.br

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