IGP-M aponta desaceleração da taxa em 12 meses, diz FGV

A inflação medida pelo IGP-M dá sinais de ter entrado em trajetória de desaceleração mais firme. Pelo terceiro mês consecutivo, houve decréscimo na taxa de variação mensal do indicador. “Nos três primeiros meses deste ano, o IGP tem diminuído continuamente. Podemos perfeitamente imaginar uma trajetória de desaceleração seguindo um caminho um pouco mais regular”, comentou o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV) e responsável pelo indicador, Salomão Quadros. Para ele, os sinais são de que, ainda que na margem haja alguma alta, em 12 meses a taxa deve ter iniciado em março uma trajetória de desaceleração.

Em março de 2012, o IGP-M havia ficado em 0,43%, acima do registrado no mesmo mês deste ano (0,21%). O resultado deste mês ficou abaixo da mediana projetada pelo mercado e dos próprios cálculos da FGV. Em fevereiro, o IGP-M já havia desacelerado para 0,29%, ante 0,34% em janeiro. O efeito mais benéfico, ressalta Quadros, é que, daqui para frente, deve ser observada uma contínua desaceleração na taxa acumulada em 12 meses.

“Tínhamos iniciado um processo de desaceleração em outubro de 2012, mas o repique no IGP-M de dezembro (0,68% na variação mensal) repercutiu na série de 12 meses, que agora volta a desacelerar”, explicou o economista. Em 12 meses, o IGP-M acumula em março alta de 8,06%, taxa menor do que a apresentada em janeiro, de 8,29%. “Agora a taxa em 12 meses deve seguir em trajetória de baixa por um bom período”, afirmou.

Nas variações mensais, segundo Quadros, é natural que haja ainda acréscimo nas taxas de variação, já que o IGP próximo a 0,2% é baixo. “O IGP de 0,2% não é padrão, pode vir um pouquinho mais alto em abril, mas ainda muito abaixo do patamar do ano passado.” Em abril de 2012, o IGP-M avançou 0,85%.

“Não me surpreenderia se tivermos no IPA uma taxa um pouquinho mais alta, resultante de um certo esgotamento (da desaceleração forte em insumos industriais e no preço da soja) e um IPC um pouquinho mais brando”, disse.

O Índice de Preços ao Consumidor que compõe o IGP-M também pode ceder. “Alimentação deve ajudar a desacelerar, mas a contribuição é bem gradativa, sem nenhuma virada mais radical”, declarou o economista.

Ainda com estes movimentos nos dois indicadores que compõem o IGP-M, a desaceleração que deve ser vista nos próximos meses na taxa acumulada em 12 meses está relacionada com os preços ao produtor (IPA), que chegaram a 0,01% em março ante 0,21% em fevereiro. Sobre os preços ao consumidor (IPC), a dificuldade de previsão, de acordo com Quadros, é maior. De fevereiro para março, o IPC passou de 0,30% para 0,72%.

De acordo com Quadros, o momento atual é de oferta agrícola mais abundante do que no início de 2012, quando houve problemas com a safra de soja – nacional e internacional. Além disso, o movimento do câmbio sugere um cenário mais favorável para o preço dos insumos industriais.

“O câmbio ano passado foi desvalorizado. Este ano estamos vendo o movimento oposto, não com a mesma intensidade, mas parte será devolvida”, comentou. As taxas em 12 meses, de acordo com ele, devem ser “continuamente reduzidas” por estes movimentos. “Trocaremos taxas que ano passado foram grandes para algo em torno de 0,2% ou 0,3% mensal”, estimou.