Há vagas para corretores em Curitiba e RMC

Não são apenas pedreiros, carpinteiros, encanadores e eletricistas que estão em falta. Fora dos canteiros de obras – mais precisamente na outra ponta da cadeia da construção civil -, as imobiliárias estão tendo dificuldades em contratar corretores de imóveis. De acordo com o Sindicato dos Corretores de Imóveis no Paraná (Sindimóveis-PR), há hoje cerca de 8 mil pessoas atuando no setor no Estado, metade delas em Curitiba e região metropolitana. “Todos os dias há empresas pedindo corretores, e a gente acaba encaminhando pessoas que ainda estão cursando o TTI (Técnico em Transações Imobiliárias). Se aparecerem mil corretores, há espaço para todos eles”, afirmou o presidente do Sindimóveis-PR, Daniel Fuzetto.

Segundo Fuzetto, a falta de profissionais se acentuou de um ano para cá. “Principalmente com as construtoras vindo de fora, o mercado imobiliário de Curitiba aqueceu bastante”, comentou. Há 21 anos no ramo, Fuzetto diz que nunca havia visto tamanho movimento. “Em outros tempos, muita gente abandonava o ramo e partia para outras atividades. Se entravam mil corretores, saíam outros mil. Agora a proporção é bem diferente”, afirmou.

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Daniel Galiano, da Apolar: precisamos de mais 120.

A imobiliária Apolar é uma das que sentem a falta de corretores de vendas, principalmente na área de lançamentos. “Estamos com 75 pessoas nesse setor, mas precisaríamos de 120”, revelou o diretor de vendas, Daniel José Galiano. Um ano atrás, segundo ele, eram apenas 20 pessoas atuando no nicho específico de lançamentos. “Um imóvel de terceiro é algo palpável, o cliente entra nele. Já um imóvel de lançamento, você vende um projeto, um sonho. O corretor tem que passar muito mais credibilidade ao cliente”, explicou.

De acordo com o gerente de incorporação da imobiliária Galvão, Emiliano Galvão, mesmo com vagas disponíveis, as imobiliárias encontram dificuldades para contratação destes profissionais. “Muitos candidatos apresentam deficiências na argumentação, desconhecimento do mercado de finanças e principalmente de matemática financeira”, afirmou. No ano passado, a empresa contava com oito corretores para atender exclusivamente o setor de lançamentos; hoje são 50 e a idéia é chegar a 100 até o final do ano.

Atrativos

O valor da remuneração e a carga horária são os principais atrativos para o ingresso de pessoas na área. Ainda que comissionado, um corretor de imóveis recebe, em média, entre R$ 3 mil e R$ 4 mil por mês, segundo estimativa do sindicato, mas pode chegar a R$ 6 mil ou até mais. “A carga horária é determinada pelo próprio corretor, mas quanto mais tempo ele utilizar para fazer os contatos e prospectar clientes, maiores são as chances de ele aumentar o rendimento. Temos casos de corretores que chegam a ganhar R$ 80 mil no ano”, afirmou Emílio Galvão.

A comissão costuma ser da seguinte forma: 6% do valor do imóvel vai para a imobiliária; o corretor que efetuou a venda fica com 20% disso e o angariador também com 20%. Ou seja, para um imóvel vendido por R$ 100 mil, a imobiliária recebe R$ 6 mil de comissão; desse valor, R$ 1,2 mil vão para o corretor e R$ 1,2 mil para o angariador.

Habilidades

Para Daniel Galiano, da Apolar, para se dar bem como corretor de vendas é preciso apresentar algumas características, como ser extrovertido, ter bom relacionamento – grande círculo de amigos, participar de eventos sociais -, ter conhecimento financeiro e boa vontade. “Não é preciso ter domínio sobre as técnicas de ven,da. Isso a gente ensina”, disse. Passar segurança ao cliente, saber tratá-lo bem e ter o dom da comunicação também são itens importantes, acrescentou o presidente do Sindimóveis-PR, Daniel Fuzetto. “Muitos entram achando que é fácil, mas não têm a mínima vocação. Ser corretor não é atender e tirar o pedido”, disse. O futuro corretor também precisa saber que irá trabalhar sábados, domingos e feriados.

De acordo com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis no Paraná (Creci-PR), há em todo o Estado registro de 7.441 corretores autônomos e de 1.170 empresas imobiliárias. Só em Curitiba e região metropolitana, são 3.667 corretores e 580 empresas imobiliárias. Entre janeiro e agosto desse ano, o Conselho emitiu 511 registros no Paraná para pessoas físicas e 74 para jurídicas.
Para exercer a profissão de corretor de imóveis é preciso ter o título de Técnico em Transações Imobiliárias e inscrição no Creci. Pessoas que atuam no setor de forma ilegal são autuadas pelo Conselho, noticiadas ao Ministério Público através de termo circunstanciado e respondem pelo exercício ilegal junto aos Juizados Especiais Criminais.

“Campeã de vendas” era secretária

Durante cinco anos, Karla Simioni, 34, foi secretária da imobiliária Galvão. Há um ano, foi chamada para atuar como corretora e descobriu um enorme talento: sabe vender e muito bem. Em junho último, Karla foi consagrada como campeã de vendas do Vivare – um empreendimento da DGC (Doria Goldstein Cyrela) totalmente comercializado em vinte dias.

Átila Alberti
Sueli Miranda: em busca de profissão sem rotina.

Das 320 unidades colocadas à venda, Karla vendeu 37, ou seja, 18% do total.
“Em um ano, ganhei o equivalente ao que recebi em cinco como secretária”, comentou. Para Karla, o segredo do sucesso é ter uma boa rede de relacionamentos. “Quanto mais pessoas você conhece, mais elas te indicam para outras, mais em evidência você fica”, disse. Segundo Karla, também é importante trabalhar numa empresa séria, que dê suporte tanto para os corretores como para os clientes, e ser transparente.

A professora aposentada Sueli Miranda, 59, também deixou a área de educação para se dedicar à venda de imóveis. Além de professora, ela ficou 26 anos trabalhando com educação infantil. “Eu queria uma ocupação que não tivesse rotina e encontrei”, diz, satisfeita. Ainda fazendo o curso de Técnico em Transações Imobiliárias (TTI), Sueli atua no ramo como espécie de estagiária, o que é permitido, desde o início do ano. “Já vendi seis imóveis e angariei 14”, conta a corretora, que consegue tirar no mínimo entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por mês. “Teve mês em que cheguei a R$ 6 mil. Estou tendo muita sorte”, acredita. (LS)