Greve na Renault e paralisação na Volvo

Os 2,7 mil funcionários da Renault do Brasil entraram em greve por tempo indeterminado após assembléia realizada ontem de manhã, na frente da fábrica, em São José dos Pinhais. Com a parada, a montadora deixa de fabricar 340 automóveis e 900 motores por dia no complexo industrial Ayrton Senna, onde estão as fábricas de veículos de passeio, veículos utilitários (em joint venture com a Nissan) e motores. Na Volvo do Brasil, situada na Cidade Industrial de Curitiba, os 1,6 mil trabalhadores paralisaram as atividades por três horas, das 8h às 11h. A empresa, que produz diariamente 25 caminhões e cinco ônibus, não informou o montante dos prejuízos.

As manifestações foram organizadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, que negocia com as montadoras uma antecipação salarial de 14,61%. O índice é referente ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado nos últimos sete meses, de setembro de 2002 a março de 2003. Após as assembléias, os sindicalistas bloquearam as entradas das empresas.

Na Renault, os trabalhadores rejeitaram a proposta da empresa de abono máximo de R$ 360, dividido em três parcelas. Para os empregados que ganham acima de R$ 2 mil, a montadora ofereceu três pagamentos de R$ 50. Foi a única empresa que não avançou nas propostas aos empregados desde o início da Campanha Salarial de Emergência. Por causa do protesto, a assessora de imprensa da fábrica não conseguiu entrar no prédio administrativo. A assessoria de imprensa em São Paulo não quis comentar a paralisação, limitando-se a dizer que a empresa reconhecia o estado de greve.

“O que a Renault está oferecendo não chega nem perto de cobrir os prejuízos dos trabalhadores”, declarou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Butka. Até o final da tarde, não tinha sido confirmada nenhuma reunião de negociação entre Renault e sindicato. Caso a situação continue assim, os sindicalistas pretendem manter o movimento paredista.

Novas assembléias

Na Volvo, os diretores melhoraram a proposta inicial de abono de R$ 400 para R$ 500, em duas parcelas, e garantia de 50% de correção pelo INPC na próxima data-base, em setembro. Esta proposta saiu de reunião entre os diretores da empresa e sindicalistas na segunda-feira à noite. Ontem, houve mais duas rodadas de negociações, de onde o sindicato esperava que saísse uma nova proposta para ser apresentada na assembléia de hoje. Caso contrário, será votado o indicativo de greve.

Na Volks/Audi, haverá assembléia na porta da fábrica hoje, na troca de turno, às 14h40. Na ocasião, será apresentada a nova proposta da montadora, de pagar abono de R$ 500 em cinco parcelas. Inicialmente, a empresa tinha oferecido empréstimo de R$ 80 mensais – valor que seria descontado do salário de setembro. Em função do acordo para fabricação do projeto 249 – o novo carro da família Polo, os trabalhadores da Volks/Audi já têm garantia de reposição salarial integral pelo INPC.

Também ontem os trabalhadores do PIC (Parque Industrial de Curitiba) participaram de uma assembléia explicativa sobre a evolução da campanha salarial nas montadoras. Embora também reivindiquem a reposição dos salários pelo INPC, os empregados do PIC não sentaram com o sindicato patronal para discutir a questão, já que esperam primeiro uma definição nas montadoras. Nas doze empresas do PIC, que fornece peças para a Volks/Audi em tempo real, trabalham 1,5 mil pessoas, sendo aproximadamente mil metalúrgicos.

Fábrica da GM também pára

Outra paralisação aconteceu ontem na fábrica da General Motors em São José dos Campos. Segundo o sindicato dos trabalhadores, cerca de 5 mil funcionários cruzaram os braços pedindo maiores salários para compensar as perdas com a inflação. Além de um aumento de 10,38% nos vencimentos, os empregados da GM reivindicam redução da jornada semanal de trabalho de 40 para 36 horas e a criação de uma “cláusula de inflação”, que garanta reajustes salariais toda vez que o índice de preços ao consumidor subir mais de 3%. A GM vai deixar de produzir 640 carros e 1.600 motores diariamente na unidade de São José dos Campos. As plantas da montadora em São Caetano do Sul e Rio Grande do Sul funcionam normalmente. A GM totaliza 17 mil funcionários no Brasil.

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