Greve de bóias-frias e empregados em usinas

Araçatuba – Trabalhadores da colheita de cana-de-açúcar e de usinas em Bento de Abreu e Paulicéia, no interior de São Paulo, iniciaram uma greve por melhores salários enquanto não tem início a colheita. Em Paulicéia, na região de Presidente Prudente, cerca de 400 trabalhadores, todos trazidos do Nordeste, especialmente Alagoas, entraram em greve depois de constatar que a usina Caetés, do grupo Fernando Lyra, também de Alagoas, não estava cumprindo os acordos trabalhistas, entre eles, pagamento dos salários combinados, assistência à saúde e condições de moradia.

No sábado, trabalhadores e polícia entraram em confronto depois que grevistas fizeram manifestação numa avenida da cidade. Ontem, mais de 300 deles decidiram retornar para Alagoas, mesmo depois de o Ministério Público do Trabalho ter obrigado a usina a cumprir o acordo. ?Eles dizem que essas promessas feitas pela usina na reunião com os delegados do Trabalho não serão cumpridas e temem sofrer represálias. Só ficaram uns 70 deles aqui?, afirmou Aparecido Bispo, secretário-geral da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo, que acompanhou o movimento. Segundo Bispo, no dia 24 de março haverá nova rodada de negociação, na qual a usina terá de comprovar que cumpriu o acordo com os trabalhadores que ficaram.

Em Bento de Abreu, na região de Araçatuba, cerca de 300 trabalhadores, a maioria trazida de estados do Nordeste, para trabalhar na usina Benalco, do grupo J. Pessoa, um dos maiores do País, iniciou uma greve na segunda-feira, 12, por pagamento de salários, que estavam atrasados. A maioria deles estava trabalhando no plantio da cana que será colhida nesta safra. Além dos cortadores, os funcionários que atuam na área administrativa, moenda, caldeiras, destilaria e laboratório também pararam com as atividades.

Na tarde de ontem eles decidiram voltar às atividades, depois que os sindicatos rural e industrial entraram em acordo com os diretores da usina, que depositaram os atrasados na conta dos trabalhadores. No entanto, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Valparaíso, responsável pela área, muitos trabalhadores estão vivendo em condições desumanas e não recebem os materiais de segurança de trabalho.

A denúncia das condições de moradia desses trabalhadores, que estariam dormindo no chão, será feita hoje, informou o presidente do sindicato, Paulo de Oliveira Cruz. Segundo Cruz, a usina ainda deverá contratar outros 800 trabalhadores, também grande parte trazida de outros estados, para a safra, que começa na primeira quinzena de abril. ?Se a situação continuar como está, certamente teremos novos problemas?, afirmou Cruz.

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