Geada vai pesar no bolso do consumidor

Os consumidores devem sentir no bolso o impacto da geada que atinge o Paraná. Ontem, os preços das frutas, verduras e legumes nas Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa-PR), em Curitiba, haviam subido 9,62% na comparação com a segunda-feira anterior, dia 9.

Com a queda da temperatura especialmente na região metropolitana de Curitiba – responsável pela maior parte de hortifrutigranjeiros produzidos no Estado -, a expectativa é que os preços de alguns produtos disparem a partir de hoje no atacado e, consequentemente, no varejo.

Entre os itens mais sensíveis ao frio estão as folhosas, como alface e repolho, além de legumes como berinjela, chuchu, abobrinha, pimentão, pepino e couve-flor.

?Houve geada nas baixadas de São José dos Pinhais, Mandirituba. Se a geada atingiu a produção, o reflexo no atacado será sentido amanhã (hoje)?, apontou o gerente de mercado de produtos da Ceasa-PR, João Perusso Veiga.

Conforme a lei de mercado – a baixa oferta leva ao aumento de preços -, os consumidores já podem esperar alta de alguns produtos a partir de hoje nas gôndolas dos supermercados.

?Quando o preço cai, o varejo demora para repassar. Mas quando sobe, os mercados repassam rapidinho?, comentou. Veiga lembrou que há agricultores que cobrem a produção para protegê-la da geada, mas como o custo é alto, nem todos fazem isso.

Alta

Entre os produtos que já haviam apresentado alta ontem na comparação com a segunda-feira anterior, destaque para a vagem, que subiu 68%: a caixa de 17 kg saltou de R$ 25,00 para R$ 42,00 em uma semana.

Outra alta importante foi a da cebola – a saca de 20 kg passou de R$ 26,00 para R$ 35,00, ou seja, aumento de 34,62%. A alface crespa também ficou mais cara: a caixa com 18 unidades passou de R$ 6,00 para R$ 8,00 – alta de 33,33% -, num período em que sequer havia geado.

De acordo com Veiga, o aumento de alguns produtos está atrelado ao período de entressafra. ?A vagem, por exemplo, está sendo trazida de São Paulo e Espírito Santo?, apontou.

Segundo ele, outros estados produtores, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, sabem que a região Sul sofre com as geadas nesta época do ano e aproveitam para ?levantar os preços.? ?Há também os custos com embalagem, transporte. Tudo isso onera os produtos.?

Para o consumidor, resta pesquisar os preços e fazer substituições. Entre os produtos que tiveram queda no atacado ontem, destaque para o chuchu, que ficou 20% mais barato na comparação com uma semana atrás – a caixa de 22 kg caiu de R$ 10,00 para R$ 8,00.

O preço da abóbora seca também caiu, de R$ 0,60 para R$ 0,50 o quilo, ou seja, redução de 16,6%. No caso da beterraba, a queda foi um pouco menor, de 10,71%, com a caixa de 23 kg passando de R$ 28,00 para R$ 25,00.

Cafeicultores se protegem da geada

Foto: Arquivo

Lavoura de café: é preciso cuidado especial.

Os produtores de café do Paraná receberam no domingo o primeiro alerta de risco de geada do ano. O boletim, que é emitido pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em parceria com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), tem o objetivo de alertar os agricultores para que protejam a plantação de café, principalmente a lavoura mais nova, de até dois anos.

?Em 2000, cerca de 50% dos produtores adotaram as medidas de proteção. De lá para cá, a adesão aumentou e hoje, acredito, atingimos entre 80% e 90% dos cafeicultores?, afirmou o agrometeorologista do Iapar, Paulo Henrique Caramori.

No caso de plantas com até seis meses, mais flexíveis, a orientação é que os produtores deitem a haste e a cubram completamente com terra, para proteger do frio. ?Pode ficar até 20 dias assim, mas a recomendação é tirar da terra depois de uma semana?, explicou. Para plantas maiores, entre seis meses e dois anos, a recomendação é amontoar terra junto ao tronco.

?Pode ocorrer perda total se essas proteções não forem feitas?, alertou Caramori. Em todo o Paraná, há cerca de 100 mil hectares de café – desses, entre 5 e 7 mil hectares têm até dois anos de idade e tiveram investimentos de R$ 30 a R$ 40 milhões.

Outro produto que deve sofrer os efeitos da geada é o milho safrinha, especialmente nas regiões em que o plantio foi feito tardiamente, como no oeste, sul e região central do Estado. ?Se a geada atingir a lavoura do milho antes da maturação pode haver prejuízos?, comentou Caramori.

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