FGV: IGP-M de março deve ser menor que o de fevereiro

A segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de março, que subiu 0,59%, abaixo da taxa de 0,88% em igual prévia em fevereiro, sinaliza um indicador fechado para este mês bem menor que o do mês passado (1%). A análise é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

Ele lembrou que a primeira prévia do IGP-M também mostrou desaceleração de fevereiro para março (de 0,66% para 0,48%). O especialista observou ainda que, assim como o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de março, a segunda prévia do IGP-M deste mês mostrou recuos nas taxas de inflação do atacado, do varejo e da construção civil, os três setores pesquisados para cálculo dos Índices Gerais de Preços (IGPs).

No entanto, o que tem contribuído para as taxas menores do indicador é o atual movimento de “suavização” na inflação das commodities no atacado, de acordo com Quadros. “De todos os três setores, o atacado é que tem influenciado mais este comportamento de desaceleração dos IGPs. E dentro do atacado, as commodities”, resumiu o técnico.

Commodities no atacado

Commodities mais baratas no atacado levaram à taxa menor da segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). Segundo Salomão Quadros, a inflação das matérias-primas brutas agropecuárias atacadistas, que são notadamente commodities, recuou de 2,44% para 0,79% no período.

Entre os destaques, estão as quedas e desacelerações de preços apuradas em soja (de -0,32% para -5,58%; milho em grão (de 8,93% para 1,32%); e cana-de-açúcar (de 3,43% para 1,22%). Estes produtos contam, atualmente, com uma oferta melhor nos mercados doméstico e internacional, o que ajudou a derrubar preços.

Além disso, Quadros lembrou que o reajuste do minério de ferro, realizado trimestralmente pela Vale e calculado a partir das oscilações de preço do produto no mercado internacional, já foi captado pelo IGP-M. Tanto que a variação de preço do produto, item de maior peso no cálculo da inflação atacadista, passou de um aumento de 5,37% para uma queda de 0,05% no período. Isso contribuiu para a taxa menor do indicador.

Porém, o especialista fez uma ressalva. Os movimentos de quedas e desacelerações de preços atacadistas não são generalizados. Os preços dos alimentos in natura, principalmente frutas, continuam em alta no atacado.

A inflação da batata-inglesa disparou no período (de 1% para 15,78%). De acordo com ele, estes itens têm um movimento de transmissão rápido de repasses de elevação de preços para o varejo. Isso deve ajudar manter a inflação dos alimentos em patamar de elevação, pelo menos no curto prazo. “Pode ser que, em um horizonte de médio prazo, este movimento atual de suavização na inflação das commodities conduza a desacelerações nos preços dos alimentos junto ao consumidor. Mas pelo menos no curto prazo os preços dos alimentos devem subir”, afirmou.

No caso da inflação industrial, Quadros explicou que o resultado global foi puxado quase que unicamente pela queda no preço do minério de ferro. “Outros itens industriais estão com os preços em alta. A inflação da indústria da transformação no atacado está acelerando, e passou de 0,33% para 0,48% de fevereiro para março”, disse o especialista.

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