Fevereiro menor derruba as vendas da indústria

As vendas industriais do Paraná fecharam o mês de fevereiro com queda real de 6,10% em comparação com janeiro. Houve queda nas vendas para o Paraná (-10,11%) e para outros Estados (-5,83%). Apenas as exportações tiveram ligeira alta (0,03%). Apesar do resultado do mês, o primeiro bimestre apresentou desempenho positivo de 1,1% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados, divulgados ontem pelo presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures, fazem parte da Análise Conjuntural do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná.

A queda é justificada pelo número menor de dias trabalhados (17), em função do feriado de Carnaval. Também a interrupção do declínio da taxa de juros e a implantação da nova Cofins – com o aumento do índice de tributação – podem ter contribuído para o desempenho negativo.

Mesmo com a queda no resultado geral, 12 dos 18 gêneros industriais pesquisados registraram alta nas vendas em fevereiro, com destaque para a indústria de perfumaria, sabões e velas (126,84%), mobiliário (18,63%) e material de transporte (7,08%). Já as quedas mais significativas ficaram por conta do gênero vestuário, calçados e artefatos de tecidos (-44,05%), produtos farmacêuticos e veterinários (-28,59%) e material elétrico e de comunicações (-22,06%).

Na comparação do primeiro bimestre deste ano em relação a 2003, apresentaram aumento de vendas os setores de material elétrico e de comunicações (59,53%), bebidas (50,46%) e perfumaria, sabões e velas (49,19%). “No setor de material elétrico e de comunicações, houve muitas encomendas no segundo semestre do ano passado”, explicou Maurílio Schmitt, coordenador do Departamento Econômico da Fiep. O aumento de bebidas é, segundo ele, sazonal e cíclico, por se tratar da estação mais quente do ano. Já a venda de perfumes puxou o terceiro maior setor de vendas.

Na outra ponta, apresentaram queda as vendas de vestuário, calçados e artefatos de tecidos (-53,35%) – justificado pela indefinição do clima -, química (-25,57%) e produtos farmacêuticos e veterinários (-23,07%) – vendas menores de fitoterápicos.

Compras

As compras industriais de janeiro e fevereiro apresentaram queda de 11,10%, na comparação com o mesmo período de 2003. Em relação a janeiro, houve alta de 1,88% -aumento de compras no Paraná (7,89%), no exterior (5,85%) e queda na compra de outros Estados (-6,31%). Os gêneros que tiveram os maiores aumentos em fevereiro foram mecânica (24,78%), matérias plásticas (10,55%) e produtos alimentares (7,58%). No outro extremo, apresentaram queda os setores de metalúrgica (-35,26%), produtos farmacêuticos e veterinários (-34,06%) e química (-21,47%).

Emprego

Em relação ao nível de emprego na indústria, houve queda de 0,75% em fevereiro, o que corresponde a quase 2,7 mil vagas. Já a massa salarial líquida apresentou aumento de 5,77%. Ao mesmo tempo, aumentou em quatro pontos percentuais a utilização da capacidade instalada, que chegou a 77%, mesmo com a queda de 4,5 % nas horas trabalhadas.

Críticas à política do governo

O presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, voltou a tecer duras críticas à política monetária e tributária adotada pelo governo federal. “Estamos vivendo um momento de incertezas. Há queda na renda, redução das massas salariais, aumento do desemprego. As indústrias não estão investindo, estão cautelosas com a voracidade fiscal”, afirmou. Segundo ele, apenas a área de exportações – mais precisamente agroindústria – tem mostrado dinamismo. “A economia está muito dependente da exportação, que já cresceu bastante e não há muito mais para expandir. É preciso fortalecer agora o mercado interno”, afirmou Loures, que está frente à Fiep há seis meses.

Nesse período, segundo ele, o crescimento da receita do sistema foi de 12%, passando de R$ 62,2 mil para R$ 69,8 mil no período de outubro/03 a março/04, em relação ao mesmo período do ano anterior. “Uma parte se deve à inflação, de quase 9%. Outra, ao aumento da venda de serviços”, explicou Loures. Ainda nos seis meses, houve o aumento de 38% em investimento de infra-estrutura no Senai, crescimento de 27% da contribuição direta paga ao Senai e alta de 42% nos serviços prestados pelo Sesi – todos integrantes do Sistema Fiep.

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